Folha de S. Paulo


Falta de talentos é o que tira o sono de CEOs nos EUA

A escassez de talentos tem tirado o sono de presidentes de empresas nos Estados Unidos e na Índia.

A dificuldade de formar sucessores à altura dos desafios presentes preocupa chefes de companhias na Ásia.

Na Europa, a competição global é a grande questão.

O ritmo da economia em mercados emergentes ocupa a terceira posição no ranking de motivos para a insônia dos empresários do mundo, mas, entre os latino-americanos, é o grande vilão noturno.

Lançado nesta quinta-feira (14), o relatório CEO Challenge 2016 ouviu, entre setembro e novembro passados, 605 diretores-executivos, presidentes e presidentes de conselhos sobre suas principais preocupações e desafios.

Em países como Brasil e Argentina, de acordo com a pesquisa, a segunda preocupação é a volatilidade da moeda, seguida da dificuldade de formar uma nova geração de líderes empresariais.

A instabilidade financeira na China é, para os empresários regionais, a 11ª preocupação listada. Para o próprio gigante asiático, é a segunda.

Uma comparação entre a maior economia do mundo, os EUA, e a segunda, a China, mostra como as nações vivem momentos diferentes.

Novos competidores globais são o quinto pior problema para os americanos. Para os chineses, são o décimo.

A volatilidade da moeda, nos EUA, está em 16° lugar. Na China, em sétimo.

Ao redor do globo, recursos humanos são tanto um problema quanto uma estratégia, observa Rebecca Ray, coautora do estudo, realizado há 16 anos pela associação global de empresas e pesquisas Conference Board.

"Ansiedades profundas quanto à escassez de talentos e capital humano permeiam os resultados da pesquisa neste ano", afirma Ray. "Das questões mais urgentes às estratégias de longo prazo, os líderes estão em alerta para os riscos que a mudança veloz no perfil de habilidades necessárias impõe, por um lado, e a desaceleração no crescimento da população em idade ativa, de outro."

O relatório apontou para uma mudança na percepção de presidentes de empresas sobre a disponibilidade de novos líderes no mercado.

Hoje, há uma ideia da necessidade de formação interna de sucessores –principal objetivo dos empresários entrevistados. As estratégias para isso são comunicação efetiva entre todos os níveis, melhorar o desempenho de processos de gestão e responsabilização e aprimorar a equipe de comando.

PARADOXOS

Alguns paradoxos aferidos dão ideia dos desafios sobre os quais os líderes das empresas se debruçam.

Por exemplo, mudanças climáticas não são tema de preocupação. Mas a necessidade de passar uma imagem de companhia sustentável, sim. Até na hora de contratar os melhores funcionários.

"A sustentabilidade é um instrumento poderoso de recrutamento", disse Ray.

INCLUSÃO

Aumentar a diversidade e inclusão nas empresas é outra estratégia apontada para melhorar a eficiência, no entanto, "a presença de mulheres no comando das companhias, por exemplo, está longe do patamar que gostaríamos", nota a coautora.

Tornou-se quase um consenso que tecnologia não basta para se ter eficiência.

"É a cultura e as pessoas da organização que criarão vantagem sustentável e competitiva em mercados dinâmicos."


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