Folha de S. Paulo


Capitalização frustrada levou Petrobras a vender Braskem

A Petrobras decidiu vender sua participação na Braskem depois que o governo Dilma não aprovou uma operação de capitalização da estatal por meio do Tesouro.

A decisão de colocar à venda sua fatia de 36% na petroquímica, antecipada nesta quarta-feira (13) com exclusividade pela Folha, será anunciada oficialmente nos próximos dias.

A ideia da capitalização foi proposta ao governo pelo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, e chegou a ser analisada pelo Tesouro, mas foi vetada pela equipe econômica com aval da presidente Dilma Rousseff.

O governo temeu que uma operação de capitalização gerasse mais dúvidas sobre o compromisso da equipe econômica com o reequilíbrio das contas públicas.

Sem o aporte de capital, a estatal decidiu então ser mais agressiva na sua política de "desinvestimento".

PREÇO DA GASOLINA

Para não fragilizar ainda mais a estatal, a equipe econômica não vai pressionar sua diretoria a reduzir o preço dos combustíveis, apesar de eles estarem acima do valor do mercado internacional.

O governo chegou a defender a redução para ajudar a reduzir a inflação e abrir espaço para elevar o valor da Cide (contribuição sobre combustíveis) e reforçar o caixa do Tesouro Nacional.

Um dia antes de anunciar corte de US$ 32 bilhões no plano de investimento 2015-2019, outra medida para reduzir os problemas de caixa da empresa, Bendine participou de reunião em Brasília com Dilma, o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) e dirigentes de bancos públicos.

PRESSÃO PELA SETE

Na reunião, além da situação financeira da estatal, foi discutido o contrato com a Sete Brasil, empresa criada para fornecer sondas à Petrobras, em grave crise desde que foi e envolvida na Operação Lava Jato.

A presidente orientou auxiliares a encontrarem forma de permitir que a Petrobras feche acordo com a Sete, para evitar que ela entre em recuperação judicial. A empresa deve R$ 14 bilhões.

Inicialmente, forneceria 28 sondas, a um aluguel diário que é mais que o dobro do valor internacional. Com a crise, a proposta é reduzir o número de sondas, mas mesmo isso não agrada à estatal.


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