Folha de S. Paulo


Obama pede a Congresso dos EUA que aprove Tratado Transpacífico

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta terça-feira (13) diante do plenário do Congresso a aprovação do Tratado Transpacífico (TTP) e disse que, com esse pacto, a China não ditará as normas nessa região, mas os Estados Unidos.

Em seu discurso anual do Estado da União, o último de sua presidência, Obama destacou a aprovação do TTP como um mecanismo para "abrir mercados, proteger os trabalhadores e o meio ambiente, e impulsionar a liderança dos EUA na Ásia".

"Com o TTP, a China não dita as normas nessa região, mas nós", garantiu o governante em referência ao acordo comercial alcançado em outubro pelos EUA com Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.

TRATADO TRANSPACÍFICO
Saiba mais sobre o acordo entre 12 países
PARCERIA TRANSPACÍFICO

Segundo Obama, o acordo comercial, que requer a aprovação dos parlamentos dos 12 países signatários para entrar em vigor, reduz 18 mil tarifas sobre produtos feitos nos Estados Unidos, "e apoia (a criação de) mais postos de trabalho de qualidade".

"Aprovem este acordo. Deem-nos as ferramentas para sua aplicação" se querem "demonstrar nossa força neste século", disse Obama diante dos legisladores das duas câmaras do Congresso americano.

Obama considera o TTP como o tratado comercial mais ambicioso jamais conseguido e, ao mesmo tempo, como um elemento-chave de sua política externa, ao priorizar a relação com a região da Ásia-Pacífico para fazer frente à influência da China.

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IMPACTO SOBRE O BRASIL

Segundo José Luiz Pimenta, professor da ESPM especialista em comércio exterior, o maior impacto do tratado deve vir da adoção de normas comuns de produção entre os países. Com isso, sua influência sobre os negócios vai além da mera derrubada de tarifas.

"Uma série de regras jurídicas comuns dão previsibilidade para negócios de longo prazo e facilitam o investimento. Você pode exportar peças dos Estados Unidos e se beneficiar das cadeias regionais para que a montagem final aconteça nesses países."

De fora do tratado, o Brasil pode perder espaço para seus produtos. "O Brasil fez um grande esforço recentemente para atender o mercado asiático de carne de frango, mas agora esses países podem começar a focar nas trocas entre si", diz.

De acordo com os detalhes do acordo divulgados pela Casa Branca, o TTP vai eliminar mais de 18 mil impostos e tarifas cobrados sobre os produtos norte-americanos nos países envolvidos. Isenta, por exemplo, a cobrança de tributos sobre as importações de produtos do setor automotivo, que chegam a 70% atualmente.

Segundo Pimenta, o Brasil tem fechado acordos comerciais com mercados menores, como Colômbia e México. O foco tem sido principalmente na derrubada de barreiras, em detrimento da adoção de normas comuns.

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