Folha de S. Paulo


A tragédia da economia brasileira em 2015 em 7 gráficos

2015 não foi um ano fácil para a economia brasileira. Começou com a aceleração do dólar rumo aos R$ 4 e termina com inflação acima de 10%. O país perdeu o selo de bom pagador em duas agências de risco e viu o desemprego sair de 6,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2014 para 8,9% e a renda do trabalho recuar.

Veja em gráficos o resumo da crise de 2015.

O desemprego subiu, a renda caiu

Até novembro, foram fechadas 945,4 mil vagas de emprego formal no país. Só a indústria de transformação encerrou 414,1 mil vagas, seguida pela construção civil (-309,2 mil) e o comércio (-183,4 mil). A crise política e a Lava Jato caíram como uma bomba nos já tímidos investimentos do país, desacelerando a economia como um todo. A agricultura e administração pública foram os setores que conseguiram criar empregos formais no ano.

Saldo das vagas no emprego formal

O reflexo do fechamento de vagas com carteira foi a migração dos trabalhadores para a informalidade. Segundo o IBGE, até o final de setembro eram 760 mil pessoas a mais trabalhando por conta própria no país em comparação com igual período de 2014. Sem carteira assinada e com a renda em queda, mais membros da família foram procurar trabalho. De julho a setembro, 9 milhões de pessoas procuraram emprego e não encontraram, um aumento de 33,9% em relação ao mesmo período de 2014 -ou 2,27 milhões de pessoas a mais.

A taxa de desemprego foi a 8,9%.

TAXA DE DESOCUPAÇÃO - Por trimestre móvel, em %

Rendimento médio real - Habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas, por trimestre móvel, em R$

Inflação acima de 10%

Pela primeira vez desde 2002, a inflação oficial do país vai fechar o ano acima de 10% –até novembro, o índice acumulava alta de 10,48% em 12 meses. Longe, é claro, dos 50% ao mês registrados na época de hiperinflação, nos anos 90.

Com preços em alta, o brasileiro começou a perder a referência do que é caro ou barato e fenômenos oportunistas de reajuste de preços sem motivo começam a surgir.

Inflação - Variação do IPCA, em %

Adeus, Mickey

2015 também jogou balde de água fria em muitos planos de férias dos brasileiros. O dólar, que começou o ano cotado abaixo dos R$ 3, chegou a ultrapassar os R$ 4, patamar que rondava nos últimos dias do ano.
Brasileiros gastaram 31% menos fora do país no acumulado do ano. Em novembro, os gastos somaram US$ 971 milhões. É a primeira vez em que essa despesa fica abaixo de US$ 1 bilhão desde fevereiro de 2010, quando somou US$ 961 milhões.

Dólar à vista - Cotação em R$

Juros

Para controlar a inflação, o Banco Central se viu obrigado a subir a taxa de juros, colocando novo freio nos investimentos. Para quem desejava ir às compras, o impacto também foi negativo. Com juros tão altos, foi preciso adiar a compra do carro, a troca dos eletrodomésticos em casa e, mesmo assim, a inadimplência alcançou mais de 59 milhões de brasileiros, segundo a ANBC (Associação Nacional de Birôs de Créditos), entidade criada no final do ano para reunir as maiores empresas desse segmento

Taxa básica de juros (Selic)

PIB: o resumo

Reflexo da fraqueza da demanda interna brasileira, afetada pela piora do emprego e renda, crédito mais restrito, inflação mais alta, o PIB acumula queda de 3,2% até o terceiro trimestre de 2015, a maior queda da série histórica, de 1996.

PIB - Tri. x tri. imediatamente anterior, em %

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Faixa-bônus: 2016 não dá sinais de melhora...

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