Folha de S. Paulo


Odebrecht põe à venda pedaço de sua empresa de saneamento

A Odebrecht vai testar o mercado e colocou à venda um pedaço de sua empresa de saneamento, a Ambiental, uma das maiores do ramo no país e que é avaliada em cerca de R$ 6 bilhões.

A decisão acontece no momento em que outras empreiteiras envolvidas na Lava Jato, como UTC e Galvão, enfrentam dificuldades na venda de patrimônio.

Na semana passada, a Ambiental ofereceu um "aperitivo". Vendeu para o fundo americano Farallon, por R$ 300 milhões, quatro de suas concessões de saneamento.

Agora, prepara uma tacada maior. Quer vender uma participação no controle. O tamanho dessa fatia será definido com o FI-FGTS, fundo de investimento administrado pela Caixa Econômica, que tem 30% da empresa.

"Já recebemos consultas de investidores estrangeiros e estamos avaliando", diz Ticiana Marianetti, diretora financeira da Ambiental.

"Este é um ativo importante e vamos analisar as opções que possam valorizá-la", afirma Marcos Vasconcelos, vice-presidente da Caixa.

Uma das empresas mais novas do grupo Odebrecht, a Ambiental faz o tratamento de água e esgoto de 17 milhões de pessoas no Brasil, em Angola e no México. Tem também clientes industriais como Klabin, Shell e Vale.

Após forte crescimento nos últimos anos, o conglomerado pisou no freio e tenta vender bens por causa da recessão e da Lava Jato, que mantém seu dono, Marcelo Odebrecht, preso há seis meses.

Considerada por bancos uma das empresas mais promissoras da Odebrecht, a Ambiental tem R$ 1,2 bilhão em caixa e deve fechar o ano com receitas de R$ R$ 2,3 bilhões.

"Com esse caixa e um novo sócio teremos como crescer mesmo com um ano difícil adiante", diz Marianetti.

MERCADO CONFUSO

Embora analistas tenham disseminado a ideia de que a crise e a Lava Jato criariam um "saldão" de empresas e que a "queima do estoque" seria rápida, não é isso o que acontece no momento.

Dias atrás, o fundo americano Fortress desistiu da compra dos 23% da UTC no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Oferecia R$ 564 milhões pelo negócio.

Outra operação emperrada é a venda da fatia da OAS na Invepar, empresa que controla o aeroporto de Guarulhos (SP), para a gestora canadense Brookfield, que pensou em desistir, mas voltou atrás na sexta-feira (18).

Na semana passada, fracassou por falta de interessados o leilão em que a Galvão Engenharia pretendia vender sua parte na empresa de saneamento CAB Ambiental.

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  • *AMBIENTAL/2015

Faturamento: R$ 2,3 bilhões

Ebitda: R$ 750 milhões

Número de funcionários: 6.069

Dívida: R$ 3,5 bilhões

Concorrentes: Sanasa, Coapasa, Águas do Brasil e Aegea

*previsão


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