Folha de S. Paulo


EUA aprovam reforma do FMI e países emergentes ganham mais participação

Karen Bleier/AFP
The US flag flies over the US Capitol October 16, 2013 in Washington, DC. US lawmakers embarked on another day of high-stakes political brinkmanship Wednesday, battling to scrape together an eleventh hour deal to protect Washington's battered financial standing. At midnight (0400 GMT), the US economy will sail into uncharted waters and the Treasury will no longer be able to guarantee it will be able to meet its obligations and avert a devastating debt default. The only way to avert this peril, which could send global markets into turmoil and threaten another recession, would be for Congress to agree to raise the US government's $16.7 trillion debt ceiling. TOPSHOTS/AFP PHOTO/ Karen BLEIER ORG XMIT: KBS033
Bandeira dos Estados Unidos hasteada em frente ao Capitólio em Washington

O Congresso dos Estados Unidos aprovou nesta sexta (18) a reforma da governança do FMI (Fundo Monetário Internacional), uma antiga reivindicação do Brasil e de outros países emergentes.

A decisão abre caminho para atualizar a participação dos países nos processos decisórios da instituição, refletindo o peso de cada um na economia global.

A reforma muda o equilíbrio de forças no Fundo. As chamadas economias mais avançadas (G-7) passarão a ter, somadas 41,2% dos votos, comparados com os atuais 43%. Serão, portanto, ultrapassadas pelos emergentes, cujo poder de decisão cresce de 42,1% para 44,7%.

Entretanto, considerando-se além do G-7 para incluir outras economias avançadas, os países desenvolvidos continuam na frente, apesar de cair de 57,9% para 55,3%

A reforma foi aprovada em 2010, mas dependia da ratificação dos EUA, que detem 16,7% dos votos. Depois de anos de resistência da oposião republicana, o aval do Congresso à reforma do FMI foi incluído num acordo abrangente sobre o orçamento, que foi aprovado nesta sexta. A decisão dá fim a um impasse que gerou tensões entre o FMI e os EUA e contínuos protestos dos emergentes,

O projeto de reformas de 2010 dobra a contribuição dos países ao FMI e permite a realocação dos votos, dando mais voz aos emergentes. O aumento mais significativo é o da China, cujo poder de voto passa de 3,8% para 6%. No caso do Brasil, cresce de 1,71% para 2,21%. A parcela dos EUA cai de 16,7% para 16,5%. As perdas mais significativas em poder de voto são dos países europeus.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, saudou o fim do impasse. A demora na reforma da governança do Fundo era uma de suas maiores frustrações, que ela expressava em público sempre we podia. Em comunicado, ela disse que a decisão do Congresso americano é um "passo crucial" para fortalecer o papel do Fundo em apoio à estabilidade financeira mundial.

"As reformas aumentam de forma significativa os recursos do FMI, permitindo que respondamos a crises de forma mais eficiente, e também melhora a governança do FMI ao refletir o crescente papel dinâmico de países emergentes e em desenvolvimento na economia global", afirmou Lagarde em um comunicado. "Um FMI mais representativo e moderno estará ainda mais equipado para atender às necessidades de seus 188 membros no século 21".

Para Otaviano Canuto, diretor-executivo do FMI para o Brasil, a reforma dá "um ganho de credibilidade" para a instituição, pois aproxima a sua estrutura de governança da realidade da economia mundial.

"Na prática, ocorre um deslocamento de 6% no volume total de cotas para as economias emergentes, levando a uma redução da fatia de países que estão representados acima do que deveriam", disse à Folha. "O fortalecimento da voz do Brazil no FMI reflete de forma mais proporcional o que o país representa para a economia global".


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