Folha de S. Paulo


Após bloqueio do WhatsApp, pessoas redescobrem vida fora do aplicativo

Justin Sullivan/Getty Images/AFP
Além de troca de mensagens, Whatsapp também permite chamadas telefônicas via internet
Tela do aplicativo WhatsApp, que permite troca de mensagens e ligações de voz

De repente, fez-se o silêncio. Aquele assobio (ou campainha), cujo anúncio irresistível é capaz de interromper conversa, trabalho, banho e até namoro, cessou.

Para muitos, essa quietude digital —e não o Congresso, a Lava-Jato, o impeachment ou a lama da Samarco— era sinal do fim dos tempos.

"Primeiro, entrei em pânico. Depois, fiquei revoltado. Em seguida, comecei a experimentar outros caminhos para suprir a falta do WhatsApp", diz o bancário Henrique Rocha, 28, que teve uma conversa via aplicativo interrompida à 0h desta quinta (17). "A gente não está mais acostumado a fazer ligações. Tive de telefonar para o meu amigo. E foi muito estranho."

WhatsApp - fora do ar
Justiça determina bloqueio do app
whatsapp

O aplicativo de mensagens instantâneas ficou bloqueado por 12 horas após decisão judicial. O bloqueio deveria durar 48 horas, mas um desembargador ordenou a volta do serviço.

Passada a crise de abstinência, sem as tantas interrupções do grupo de trabalho, do grupo de familiares, do grupo de amigos ou dos feitos para planejar algo —fora os diálogos avulsos—, houve quem descobrisse que existe vida fora do WhatsApp.

"Resolvi interagir com umas pessoas que tem aqui em casa... Acho que eles participam daquele grupo do WhatsApp chamado 'Família'", brincou uma usuária do Twitter, cujo ranking das hashtags mais usadas tinha em primeiro lugar #Nessas-48HorasEuVou.

Nas redes sociais, pipocaram memes divertidos sobre quem finalmente tirou os olhos da telinha do celular e redescobriu os pais, os irmãos, o rosto dos amigos etc.

Rocha, que entrou em pânico com o bloqueio do "Zap zap", admite que, com o celular no bolso, mesmo cercado de amigos, está sempre conversando com alguém que não está ali. "É dispersivo. Sem ele, você aproveita melhor o momento."

O estudante João Paulo Nascimento, 24, leu durante quatro horas seguidas na manhã de quinta, sem pegar no celular. "Ganhei um tempo livre e foi incrível. Estava tudo muito calmo...", disse.

Numa loja do shopping Higienópolis, em São Paulo, houve gritaria por volta do meio-dia de quinta. "Voltou, gente, voltou! O WhatsApp voltou!", anunciou uma cliente, efusiva. Todos sacaram seus celulares. E ninguém voltou a se olhar.

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