Folha de S. Paulo


Operadora Oi tenta desbloquear WhatsApp com pedido na Justiça

Igor do Vale/Folhapress
Celular com logo do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp
Celular com logo do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp

A operadora de telefonia Oi entrou na noite de quarta-feira (17) com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo para tentar desbloquear o Whatsapp no Brasil.

O serviço se encontra indisponível desde a virada de quarta para quinta-feira, respeitando determinação da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo para que as operadoras de telefonia fixa e móvel o bloqueassem por 48 horas.

WhatsApp - fora do ar
Justiça determina bloqueio do app
whatsapp

Embora travem uma disputa com o aplicativo há meses, as teles receberam a determinação judicial com surpresa.

Em nota, a Oi afirma que está respeitando a decisão da Justiça, mas "diante do notório impacto que o bloqueio causará a todos os clientes da Oi, tomará todas as medidas judiciais cabíveis que possam preservar os interesses dos consumidores".

Na quarta-feira, a Vivo informou que não recorrerá da decisão. As demais operadoras ainda não haviam decidido.

Sem uma decisão judicial a um recurso, a operadora que não cumprisse o bloqueio correria o risco de multa, e os representantes da operadora podem ser presos.

Aplicativos concorrentes, como o Telegram, aproveitaram a decisão para divulgar seus serviços de mensagens.

O presidente-executivo do WhatsApp, Jan Koum, afirmou estar "desapontado pela miopia da decisão e triste por ver o Brasil isolado do resto do mundo".

POR QUE PAROU?

A Folha apurou que a Justiça em São Bernardo do Campo quer que o WhatsApp fique fora do ar no país devido a uma investigação criminal.

As autoridades que investigam o caso obtiveram autorização judicial para que o WhatsApp quebrasse o sigilo de dados trocados pelos investigados via aplicativo, mas a empresa não liberou as informações solicitadas. O bloqueio seria uma represália.

Em fevereiro, um caso parecido ocorreu no Piauí, quando um juiz também determinou o bloqueio do WhatsApp no Brasil. O objetivo era forçar a empresa dona do aplicativo a colaborar com investigações da polícia do Estado relacionadas a casos de pedofilia.

A decisão foi suspensa por um desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí após analisar mandado de segurança impetrado pelas teles.

Reprodução/Instagram/daniellacicarelli
daniella cicarelli
A modelo Daniella Cicarelli

Outro caso famoso foi o do bloqueio do YouTube, em 2007, a pedido da modelo Daniela Cicarelli.

Decisão judicial proibiu a exibição de um vídeo em que a modelo e o namorado, Renato Malzoni Filho, apareciam trocando carícias em uma praia espanhola em setembro de 2006. Como não era tecnicamente possível impedir o acesso a apenas uma página, todo o site ficou fora do ar.

SEM COMUNICAÇÃO

No ofício, a Justiça de São Bernardo do Campo lista todas as empresas, entre operadoras de telefonia fixa e móvel, provedores de internet, e até empresa de cabos submarinos que deveriam fazer o bloqueio.

Para cumprir a decisão judicial, elas estavam, até as 22h, em uma operação de guerra.

Isso porque, tecnicamente, não é fácil bloquear o WhatsApp. Os acessos feitos pelo aplicativo mudam as "digitais" em intervalos de tempo bastante curtos, o que requer mais trabalho das equipes técnicas das empresas.

Apesar de ser dona do aplicativo, o Facebook no Brasil não comentou o caso porque considera o WhatsApp um negócio separado. A assessoria de imprensa do aplicativo nos EUA não respondeu até as 22h.

PIRATARIA

As teles já vinham reclamando ao governo que é preciso regulamentar o serviço do aplicativo, que faz chamadas de voz via internet. Para elas, esse é um serviço de telecomunicações e o WhatsApp, e demais aplicativos do gênero, não poderiam prestar porque não são operadores.

Recentemente, o presidente da Vivo, Amos Genish, disse em um evento que o aplicativo prestava um serviço "pirata" e defendeu regulamentação.

"Não tenho nada contra o WhatsApp, que é uma ferramenta muito boa, mas precisamos criar regras iguais para o mesmo jogo", disse.

"O fato de existir uma operadora sem licença no Brasil é um problema", afirmou Genish, em referência ao serviço de voz do aplicativo.

Para o executivo, o WhatsApp estaria funcionando, na prática, como uma operadora de telefonia.

Conte como você pretende sobreviver 48 horas sem WhatsApp

Karime Xavier/Folhapress
Presidente da Vivo, Amos Genish, considera WhatsApp 'pura pirataria
Presidente da Vivo, Amos Genish, considera WhatsApp 'pura pirataria'

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