Folha de S. Paulo


Gigante chinês Alibaba compra um dos mais influentes jornais de Hong Kong

Tyrone Siu/Reuters
The South China Morning Post website and an image of Jack Ma, founder and executive chairman of Alibaba Group Holding Ltd, are displayed on a computer in Hong Kong, China, in this November 23, 2015 file photo illustration. Chinese e-commerce giant Alibaba Group Holding Ltd said it would buy publisher SCMP Group Ltd's media assets, including the South China Morning Post newspaper. The deal also includes licenses to several publications, including Hong Kong editions of Elle, Cosmopolitan and Harper's Bazaar. Financial terms of the deal were not disclosed. REUTERS/Tyrone Siu/Files EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVE ORG XMIT: TS02
Jack Ma, o fundador do Alibaba, que comprou o jornal sediado em Hong Kong

O gigante chinês da internet Alibaba Group comprou o jornal diário "South China Morning Post", um dos veículos em língua inglesa mais influentes de Hong Kong.

A compra pela empresa de tecnologia do diário fundado em 1903 foi definida pelo jornal americano "The New York Times" como parte de "um ambicioso plano para remodelar a cobertura da mídia de seu país-sede".

O objetivo é contrabalançar o que os executivos da empresa definem como retrato negativo da China na mídia ocidental, afirma o jornal.

Por décadas o "South China Morning Post", até agora sob controle do Kerry Group, cobriu agressivamente temas que a mídia estatal chinesa é proibida de abordar, como escândalos políticos e assuntos ligados a direitos humanos.

Além do jornal, o Alibaba Group também comprou outros ativos de mídia do SCMP Group, que é cotado na Bolsa de Valores de Hong Kong, por uma quantia não revelada. Além do jornal diário, a aquisição envolve negócios de revistas, outdoors, eventos e conferências, recrutamento, educação e mídias digitais.

Entre os ativos envolvidos estão o "Sunday Morning Post" e suas plataformas digitais, e dois sites chineses: Nanzao.com e Nanzaozhinan.com. O portfólio do SCMP Group inclui as versões de Hong Kong de revistas como "Esquire", "Elle", "Cosmopolitan", "Harper's Bazaar" e "The PEAK".

A compra, que segue uma sequência de acordos de mídia feitos pela Alibaba, deve aumentar as preocupações em Hong Kong, onde o South China Morning Post ocupa uma importante posição entre a elite que fala inglês e que ainda domina a antiga colônia britânica.

Em uma carta aberta dedicada aos leitores do jornal assinada pelo vice-presidente executivo do Alibaba, Joseph Tsai, a empresa defende que "o mundo necessita de uma pluralidade de pontos de vista no que diz respeito à cobertura sobre a China".

O país seria "importante demais para uma tese única". No documento, Tsai garante que as decisões editoriais cotidianas serão tomadas na redação do jornal, e não no conselho administrativo.

A meta do Alibaba, afirma o executivo, é fazer com que o número de leitores do "South China Morning Post" aumente globalmente, com foco naqueles "interessados em entender melhor a segunda maior economia mundial".

Uma das medidas anunciadas para atingir esse objetivo é derrubar o sistema de "pay wall".

Nele, os leitores têm o acesso ao site do jornal barrado após realizarem um determinado número de leituras. Para continuar, têm que pagar por uma assinatura digital.

"Como muitas mídias impressas, o 'SCMP' enfrenta desafios em meio às dramáticas mudanças na forma como as notícias são reportadas e distribuídas (...) nós vemos a oportunidade perfeita para casar nossa tecnologia com a profunda tradição do 'SCMP'", diz Tsai.

O Alibaba adquiriu ou investiu em um crescente portfólio de companhias de mídia e conteúdo nos últimos anos. Em junho, a companhia pagou US$ 194 milhões por uma parcela de ações não revela da China Business News, a companhia de mídia financeira local.

O grupo também é proprietário do Youku Tudou (o "YouTube chinês") e lançou um serviço de televisão "on demand", o TBO (TMall Box Office), parecido com o norte-americano Netflix.

Também é negociada uma participação na corporação Sina, criadora do popular portal chinês Sina.com.cn e da rede social Weibo (o equivalente local do Twitter).

A aquisição levantou questionamentos sobre o periódico ter sua imparcialidade comprometida pelo controle de um grupo chinês, cuja estabilidade depende da vontade do governo central.


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