Folha de S. Paulo


Fabricantes de Viagra e Botox fecham fusão de US$ 160 bilhões

AFP
ORG XMIT: 224301_0.tif Imagem de comprimidos de Viaga, medicamento contra impotência masculina desenvolvido pelo laboratório Pfizer. *** 400501_1.tif. PÒlulas de Viagra para hipotência sexual masculina desenvolvida pelo laboratÙrio Pfizer.(FILES) This undated file photo shows Viagra pills made by Pfizer. Viagra, developed by accident by scientists at Pfizer Laboratories, was first approved for use by the US Food and Drug Administration on March 27, 1998. Since Viagra went on the market it has been used by 35 million men around the globe, and it took impotence off the taboo list, making it infinitely easier to treat. AFP PHOTO/FILES
Comprimidos de Viagra, fabricados pela Pfizer; empresa anunciou a fusão de US$ 155 bi

As empresas Pfizer e Allergan anunciaram nesta segunda-feira (23) um acordo histórico de fusão, com valor de cerca de US$ 160 bilhões, que cria a maior empresa farmacêutica do mundo.

"A Pfizer e a Allergan anunciam [nesta segunda-feira] que seus conselhos de administração aprovaram, em unanimidade, um acordo de fusão definitiva", afirmaram as empresas, em comunicado emitido na manhã desta segunda-feira (23).

Os conselhos das duas empresas ratificaram no domingo a decisão, que deve ser anunciada ainda nesta segunda-feira, de acordo com os jornais "Wall Street Journal" e "Financial Times".

Os termos finais do contrato incluem a proporção de 11,3 ações da Pfizer para cada papel da Allergan. Os acionistas da Pfizer poderão optar entre ter ações da nova companhia ou receber o valor em dinheiro.

O acordo avalia as ações da Allergan em US$ 363,63, considerando o preço de fechamento do papel de US$ 312,46 na última sexta-feira.

Os papéis serão cotados em Wall Street sob o símbolo da Pfizer (PFE).

A oferta é a maior da história no setor de saúde e a empresa será a maior farmacêutica do mundo. A estimativa é de US$ 60 bilhões em vendas por ano. O acordo deve estar completamente finalizado até o segundo semestre de 2016.

Maiores operações de fusão e aquisição - Valores em US$ bilhões

O presidente-executivo da Pfizer, Ian Read, comandará a nova empresa. Brent Saunders, que preside a Allergan até a concretização da fusão, será o novo diretor de operações.

Saunders e o presidente do Conselho da Allergan, Paul Bisaro, terão assentos no Conselho da nova Pfizer.

A Pfizer é a fabricante de medicamentos como Viagra e uma das maiores empresas do setor. A irlandesa Allergan produz o Botox e remédios para o mal de Alzheimer.

A transação ainda depende da aprovação de órgãos regulatórios dos Estados Unidos e da União Europeia, além do aval dos acionistas das duas empresas.

A Allergan também deverá finalizar seu desinvestimento na farmacêutica israelense Teva, que adquiriu sua divisão de medicamentos genéricos.

A operação foi concluída em julho deste ano.

As ações da Allergan tiveram alta de 8,8% desde 28 de outubro, quando as primeiras informações sobre a fusão vieram a público.

De acordo com Saunders, a fusão garante acesso dos produtos da farmacêutica irlandesa a 70 novos mercados em todo o mundo.

O acordo é anunciado cerca de um ano e meio depois da última tentativa de inversão fiscal da Pfizer, que chegou a considerar a compra da britânica AstraZeneca por US$ 188 bilhões.

MENOS IMPOSTOS

Esse tipo de operação de fusão e aquisição, a chamada "inversão fiscal", permite que uma empresa norte-americana mude sua sede administrativa e pague favor impostos mais baixos no novo país —no caso, a Irlanda.

Para garantir taxas menores, o processo será tecnicamente estruturado como uma "fusão reversa", com a compra da gigante Pfizer, de Nova York, pela Allergan, baseada em Dublin.

As empresas afirmaram que a nova companhia terá o nome de Pfizer PLC.

Os impostos para empresas nos Estados Unidos podem chegar a 35%, enquanto a taxa irlandesa é de no máximo 12,5%, de acordo com a Reuters.

A partir da fusão, a sede operacional permanecerá em Nova York, mas a administrativa será realocada para a capital irlandesa.

A mudança de sede desagradou o governo norte-americano, que já havia anunciado na última semana novas regras para restringir mais a prática. O presidente dos EUA, Barack Obama, chegou a chamar a estratégia de "pouco patriótica".

O país perdeu bilhões de dólares de receita de empresas que adotaram a inversão fiscal nos últimos anos.

Read, que chegou à empresa com a incumbência de diminuir processos de fusão pouco vantajosos, afirmou em comunicado que o acordo ajudaria a colocar a empresa "em um passo mais competitivo".

A expectativa era a de que a empresa pagasse 25% de impostos corporativos neste ano. Com a mudança, espera-se uma taxa de 17 a 18% em 2017, já com a sede fiscal na Irlanda.

Quando finalizada, no segundo semestre de 2016, a fusão deve gerar economia de cerca de US$ 2 bilhões, de acordo com as empresas. Não foi informado se serão feitos cortes no número de funcionários.

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RAIO-X

Pfizer/2015

Faturamento US$ 47,92 bilhões

Ebitda US$ 19,48 bilhões

Número de funcionários 78,3 mil

-

Allergan/2015

Receita US$ 19,61 bilhões

Ebitda US$ 7,64 bilhões

Número de funcionários 11,4 mil


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