Folha de S. Paulo


Banco do Brasil eleva reserva para calote ao nível de Itaú e Bradesco

Silva Junior/Folhapress
Agência do Banco do Brasil no interior de São Paulo
Agência do Banco do Brasil no interior de São Paulo

Maior instituição financeira no país, o Banco do Brasil elevou as chamadas provisões para se antecipar a um possível aumento nos calotes para o patamar dos rivais privados Itaú e Bradesco, bancos reconhecidos pelo conservadorismo na contabilidade e na concessão de crédito.

O motivo apontado é o momento delicado da economia, que costuma vir acompanhado por aumento no desemprego e na inadimplência.

O pessimismo, porém, ainda não se materializou nos índices de pagamento em atraso no banco, que saltaram de 2,04% para 2,2% do segundo para o terceiro trimestre (estava em 2,09% no terceiro trimestre de 2014).

Lucro dos bancos
Resultados do 3º trimestre
cédulas de 20 reais

"De fato, estamos trabalhando com um nível de provisões acima do que costumávamos. Esse nível reflete a dinâmica atual da economia. Quando o ciclo econômico melhorar, poderemos reduzi-la", afirmou José Maurício Pereira Coelho, vice-presidente financeiro do BB.

O banco estatal teve despesas de R$ 6,41 bilhões no segundo trimestre para constituir essas provisões contra calote –alta de 40,2% sobre o mesmo período de 2014.

Essas despesas limitaram os ganhos do BB, que, mesmo assim, lucrou R$ 3,06 bilhões no terceiro trimestre –resultado 10,1% superior ao do mesmo período de 2014. Sem contar efeitos extraordinários, como créditos tributários, o lucro ficou em R$ 2,881 bilhões, estável na comparação com os R$ 2,885 bilhões de um ano antes.

Resultados dos Bancos - Lucro líquido, em R$ bi

O conservadorismo contábil levou o BB a trabalhar com provisões totais de R$ 34,026 bilhões para enfrentar a inadimplência futura –equivalente a 212,9% do volume de crédito com atraso acima de 90 dias. Um ano antes, o banco tinha provisões de 185,9%.

Itaú e Bradesco, que também elevaram as provisões para calotes no terceiro trimestre, atingiram uma cobertura de 214% e 205,7%, respectivamente, para a inadimplência. O Santander tem uma cobertura equivalente a 185,1% a esses atrasos.

CRISE

Como nos demais bancos, o BB sustentou o lucro no terceiro trimestre com o crescimento dos ganhos nos empréstimos e nas receitas com tarifas e serviços.

As margens de ganho nos financiamentos cresceram 14% na comparação com o terceiro trimestre de 2014, consequência da alta das taxas de juros no país.

Resultado dos bancos - Carteira de crédito, em R$ bi

As receitas com serviços e tarifas aumentaram 10,1% nessa comparação.

Por outro lado, as despesas administrativas cresceram apenas 3,1%, e as com pessoal, 8,6%, nessa comparação –abaixo da inflação de 9,49% pelo IPCA no período.

Apesar da recessão, o BB seguiu expandindo o volume de empréstimos, que somou R$ 804,6 bilhões no terceiro trimestre –alta de 9,77% na comparação com o mesmo período de 2014. É o maior ritmo de crescimento entre os bancos, com exceção da Caixa Econômica Federal, cujos resultados sairão na próxima semana. Os empréstimos para pessoas físicas avançaram 8,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

Inadimplência - Índice de atrasos acima de 90 dias, em %


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