Folha de S. Paulo


Obstruir estradas é crime, diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff disse na tarde desta terça-feira (10) que o governo não permitirá que os caminhoneiros bloqueiem as estradas federais pelo país. De acordo com a presidente, ações como estas são crimes.

A greve dos caminhoneiros está em seu segundo dia , com manifestações e bloqueios em rodovias de ao menos oito Estados. Eles permitem o tráfego apenas de carros, ônibus e ambulância, de acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal).

"Reivindicar é um direito de todo mundo. Agora, esse país é responsável. Iremos impedir qualquer prejuízo à economia popular e obstruir o tráfego é crime", afirmou a presidente após visitar as obras da Linha 4 do metrô do Rio.

Greve dos caminhoneiros
Protestos bloqueiam rodovias do país
Caminhoneiros entram em greve e bloqueiam rodovias

A presidente disse que as polícias Rodoviária e Federal já estão orientadas a agir caso seja preciso contra manifestações que atrapalhem o transporte de alimentos nas estradas federais.

Em um pronunciamento de cinco minutos, Dilma elogiou a obra do metrô, apontado como um dos legados da Olimpíada de 2016 para a cidade.

"Essa é a maior obra de mobilidade do Brasil e quem sabe até da América Latina. Muito bonita. Um legado, sem dúvida, para a Olimpíada", declarou.

Na entrada do canteiro de obras, um grupo de 20 pessoas pediam o impeachment da presidente. Eles carregavam cartazes e bonecos infláveis do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Locais bloqueados por caminhoneiros

GREVE

Segundo informações da PRF, às 17h, havia manifestações simultâneas em rodovias federais de oito Estados. Eram 23 protestos, sendo 14 com interdições e 9 sem bloqueios. Os atos foram registrados em BA, MG, MS, MT, PR, RS, SC e TO.

O movimento perdeu fôlego de segunda (9) para terça-feira (10). No mesmo horário de segunda-feira, primeiro dia da greve, eram 41 protestos em 11 Estados.

Além dos oito Estados com protestos em estradas federais, São Paulo registrou três manifestações em rodovias estaduais. Nesta terça (10), também houve manifestação na marginal Tietê, na capital paulista, entre 13h e 14h.

PROTESTOS

A categoria iniciou a greve nesta segunda (9) após não entrarem em acordo com o governo federal em relação às suas reivindicações. A adesão atingiu ao menos 14 Estados do país, no primeiro dia.

Um dos líderes do CNT (Comando Nacional dos Transportes), movimento que lidera protestos pelo país, Ivar Schmidt, considerou positivo o resultado do primeiro dia. Ele espera que o movimento ganhe mais adesões a partir desta terça (10), mas diz que sua continuação depende do apoio da população em sua pauta principal, que é a retirada da presidente Dilma Rousseff do governo.

Entre as reivindicações secundárias, estão os pedidos de redução do preço do óleo diesel, a criação do frete mínimo (este o governo reconhece que não conseguiu atender), salário unificado em todo o país e a liberação de crédito com juros subsidiados no valor de R$ 50 mil para transportadores autônomos.

O grupo também quer ajuda federal para refinanciamento de dívidas de compra de seus veículos.

POSIÇÃO DO GOVERNO

O Planalto alega que atendeu a maior parte das reivindicações da categoria que, em abril, fez sua última paralisação do ano. O número de protestos não foi considerado "preocupante", mas a ordem é "não menosprezar" a mobilização.

Oficialmente, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Edinho Silva (Comunicação Social), integrantes do gabinete de crise montado pelo Planalto para acompanhar a greve, foram para o embate com os manifestantes.

Segundo Cardozo, o governo vai determinar a aplicação de multa no valor de R$ 1.915 aos caminhoneiros que estão obstruindo as vias, medida que já está prevista em lei.

"Não há uma pauta de reivindicações. Não temos uma possibilidade de negociar em cima de questões que não são apresentadas. É uma pauta política, e lamentamos que seja assim", disse o ministro.


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