Folha de S. Paulo


Inflação: entenda por que o salário parece mais curto a cada mês

Se você tem menos de 40 anos, faz parte dos quase 70 milhões de brasileiros que nunca tiveram de fato que se preocupar com a inflação: ainda não era adulto em 1993, quando os preços subiram 2.477% em um ano e os produtos chegavam a subir de preço mais de uma vez ao dia.

Desde o Plano Real, em 1994, o pico mais alto alcançado pela carestia foi em 2002, quando o índice bateu em 12,53%, mas foi contido pelo BC.

A inflação, que fechou o ano em dois dígitos, é o que faz com que o salário perca valor a cada dia, se não for imediatamente aplicado em um investimento financeiro adequado.

Inflação - Variação do IPCA, em %

INFLAÇÃO
Saiba o que é e veja como afeta sua vida

Nesse patamar, ela também provoca outro fenômeno desconhecido de boa parte dos brasileiros —e talvez já esquecido pelo restante: faz perder a noção de o que é caro ou barato.

Entenda o que é, afinal, a inflação e o que fazer para se proteger de seus efeitos.

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PARA ENTENDER O DRAGÃO...

1 O que é inflação?

É o aumento generalizado de preços ao longo do tempo

2 O que provoca inflação?

Há três causas principais:

> quando a procura pelos produtos e serviços é maior que a oferta (chamada de inflação de demanda). Pode acontecer por aumento do poder de compra ou por restrições na oferta (como uma seca, por exemplo)

> quando o custo de produção se eleva e é repassado para os preços (chamada de inflação de custo ou de oferta). É a que ocorre quando o dólar sobe

> quando os preços são remarcados por causa da inflação passada (chamada de inflação inercial). Acontece, por exemplo, em reajustes de aluguel, mensalidades escolares ou no reajuste anual de medicamentos e tarifas de transporte público

Inflação nos grupos - Comparação entre 2014 e 2015 da inflação nos grupos de produtos e serviços

3 Por que há diferentes índices de inflação?

Cada índice acompanha a variação de preços de uma determinada cesta de produtos. O IPCA, por exemplo, que o índice acompanha a cesta de consumo de famílias com rendimentos mensais entre 1 e 40 salários mínimos, seja qual for a fonte de renda, residentes nas áreas urbanas. O INPC, por sua vez, abrange as famílias com rendimentos vindos de salário, entre 1 e 5 salários mínimos, nas áreas urbanas

4 Qual o impacto para os brasileiros?

A moeda perde poder de compra. Os preços de alimentação e bebidas, por exemplo, subiram 10,39% nos 12 meses encerrados em outubro. Ou seja, há um ano uma família pagava R$ 100 para comprar alimentos e bebidas; hoje paga R$ 110,39 pelos mesmos produtos.

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...E PARA SE PROTEGER DA FERA

1 Compare preços

Uma pesquisa nesta semana, por exemplo, mostrava que um mesmo modelo de celular podia custar entre R$ 989,10 e R$ 1.792,60.

2 Use aplicativos de comparação

Para economizar tempo e combustível, teste aplicativos que permitem pesquisar preços. Veja alguns aqui.

3 Antecipe as compras

Como o salário vai perdendo poder de compra ao longo do mês, prefira usá-lo para o que já sabe ser necessário assim que o receber

4 Faça compras em grupo

Atacadistas e atacarejos praticam preços mais baixos, mas, em geral, vendem apenas em grandes quantidades. Para evitar desperdício ou perda da data de validade, reúna parentes ou amigos e faça compras em grupo

Inflação nas regiões

5 Negocie os reajustes

Como o momento atual no Brasil é não só de inflação, mas também de recessão, negocie reajustes como os de aluguel ou mensalidades.

A crise propicia que, para não perder o inquilino ou o cliente, o proprietário fique mais propenso a reduzir o aumento de preço

6 Atenção aos contratos

Preste atenção ao índice que está sendo usado para definir reajustes, pois ele pode variar muito. Em 2014, por exemplo, o IGP-M variou 3,69%, enquanto o IPCA foi de 6,41%

7 Não deixe dinheiro parado na conta

Procure alternativas de investimento que pelo menos compensem a desvalorização provocada pela inflação.

O site da Folha tem uma calculadora que permite comparar aplicações.

Inflação


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