Folha de S. Paulo


Presidente da Vivo diz ser favorável a fusões de concorrentes no Brasil

Karime Xavier/Folhapress
Presidente da Vivo, Amos Genish, diz que não se manifestará contra fusões na área
Presidente da Vivo, Amos Genish, diz que não se manifestará contra fusões na área

O presidente da Telefônica Brasil, dona da marca Vivo no Brasil, Amos Genish, disse nesta quarta-feira que não manifestará oposição a uma eventual fusão entre concorrentes no Brasil, e que um mercado com apenas três operadoras seria bem-vindo.

"Mudar o mercado de quatro operadoras para três é bem-vindo", disse Genish em coletiva de imprensa durante congresso do setor Futurecom. "Ter três operadoras fortes é mais saudável para o mercado no aspecto competitivo. Não tenho nada contra esse tipo de fusão. Mas me parece especulação nesse momento", afirmou, ao ser questionado sobre uma eventual união entre TIM Participações e Oi.

A Telefônica concluiu neste ano a aquisição da operadora de banda larga GVT.

Na semana passada, a Oi anunciou ter recebido proposta de injeção de recursos do fundo russo LetterOne caso promova uma fusão com a TIM Participações. Marco Patuano, presidente do conselho de administração da Telecom Italia, controladora da TIM, disse na terça-feira (27) que as negociações dependeriam de mudanças no marco regulatório de telefonia fixa no Brasil, uma vez que a Oi é principal concessionária.

Em outra frente, o presidente da Telefônica Brasil negou especulações de que a empresa estaria em conversas para a compra da operadora de TV paga via satélite Sky, da norte-americana AT&T. "Não temos conversas com AT&T sobre Sky", disse Genish, afirmando que a empresa pretende crescer organicamente em TV paga.

Segundo ele, a operadora mantém seu compromisso de investir no país mesmo diante de cenário econômico desfavorável. A previsão da operadora é investir no ano que vem patamar de recursos semelhantes ao que será investido este ano, em torno de R$ 8,4 bilhões, mesmo nível de 2014.

WHATSAPP

O executivo voltou a defender "regras iguais" para as operadoras e os aplicativos de conteúdo e plataformas de comunicação, conhecidas no jargão do setor como Over the Top Content (OTT), sendo alguns exemplos desses serviços WhatsApp e Netflix.

"Em relação aos aspectos jurídicos técnicos, não temos dúvidas como setor de que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) está errando ao não mexer nos OTTs. Vamos continuar falando com Anatel, Ministério (das Comunicações) e governo para fazer algum estudo com OTTs e conosco para entender os aspectos técnicos e jurídicos", declarou Genish, completando que a Vivo lançará nos próximos meses um aplicativo para concorrer com o Whatsapp, denominado Tu Go.

De acordo com Genish, "não há defesa" para a Anatel deixar aplicativos como Whatsapp usarem os números de telefone celular, pelos quais as operadoras pagam impostos, em serviços de voz via Internet. "Temos direito de manter os números para nós mesmos porque pagamos por eles", declarou.

Durante sua apresentação no evento antes da conversa com jornalistas, Genish disse que não quer que os aplicativos sejam regulados pela Anatel, mas que "joguem com as mesmas regras", em um indicativo de que a intenção das empresas é brigar pela desregulamentação das operadoras em vez da regulamentar ou onerar os OTTs.

4G

O presidente da Telefônica Brasil também criticou a possibilidade de adiamento dos prazos de limpeza de faixa de frequência 700 MHz do leilão 4G promovido no ano passado, após pressão dos radiodifusores.

"Seria muito ruim para a indústria, para o consumidor final, atrasar o lançamento do 4G em muitas áreas", disse. "As operadoras não vão lançar 4G (na frequência de) 2,5 GHz quando pagaram por um espectro bem melhor que foi prometido para começar no ano que vem", disse. "Espero que o Ministério das Comunicações e Anatel atuem de maneira muito forte para atender cronograma original", completou.

Os radiodifusores têm alegado que o prazo de 2018 para o desligamento da faixa de frequencia, utilizada na TV aberta, é muito curto e precisaria ser prorrogado.


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