Folha de S. Paulo


Ajinomoto quer reforçar valor na guerra contra o açúcar

Thomas Peter - 1º.set.2015/Reuters
Takaaki Nishii, presidente da Ajinomoto deste junho
Takaaki Nishii, presidente da Ajinomoto deste junho

As crescentes preocupações quanto à obesidade em todo o mundo causaram uma guerra contra o açúcar, a qual o cozinheiro televisivo Jamie Oliver aderiu recentemente, e tributação mais pesada sobre os refrigerantes açucarados em países como o México e a França. A reação negativa está rapidamente se expandindo do açúcar para o sal e a gordura.

"É com isso que podemos mostrar nossa tecnologia. Trata-se de uma grande oportunidade de negócios para nós", diz Takaaki Nishii, que assumiu a presidência da Ajinomoto em junho.

Aproveitando a carona da campanha mundial, o fabricante de temperos asiáticos vê oportunidades para o "umami" (palavra que significa "delicioso" em japonês), ou "quinto sabor", em contraposição ao quarteto doce, salgado, azedo e amargo.

A Ajinomoto vende compostos que acentuam sabores, permitindo que os consumidores sintam açúcar ou sal mesmo que sua presença seja muito pequena.

A companhia japonesa é mais conhecida como produtora de glutamato monossódico (MSG), uma forma de aminoácido descoberta em algas marinhas por um cientista japonês em 1908 e industrializada pela empresa um ano mais tarde.

Embora nos EUA consumidores acreditem que ele cause dores de cabeça e coceiras (a "síndrome do restaurante chinês"), as autoridades regulatórias dos alimentos consideram o MSG seguro para consumo, e estudos não demonstraram qualquer conexão entre o produto e os supostos sintomas.

A Ajinomoto também aponta para estudos recentes que mostram que o MSG resulta em menor consumo de açúcar e combate o descontrole alimentar. A companhia está trabalhando para desenvolver mais sabores de origem orgânica que ajudem a manter dietas saudáveis.

DE OLHO NOS EUA

A demanda mundial por MSG deve crescer em quase 4% ao ano, para perto de 3,9 milhões de toneladas anuais, de 2014 a 2019, propelida principalmente por países asiáticos como Tailândia, Indonésia, Vietnã e China.

A Europa respondia por apenas 3% do consumo de MSG no ano passado.

Embora os analistas estejam céticos quanto aos benefícios da campanha mundial contra o açúcar para as vendas de MSG da Ajinomoto, o grupo tem ambições de expandir seus negócios fora da Ásia e dos mercados emergentes, para a Europa e os EUA, que hoje absorvem 6% de suas vendas externas.

A companhia no ano passado adquiriu a Windsor Quality Holdings, uma produtora de comida congelada, por US$ 800 milhões nos EUA, e está em busca de alvos de aquisição na Europa. Afirma ter espaço para mais US$ 1,3 bilhão em aquisições.

A Ajinomoto deseja dobrar seu lucro operacional em cinco anos, em um esforço para se tornar uma das grandes fabricantes mundiais de alimentos, em companhia de rivais como a Nestlé e a Unilever. Analistas projetam crescimento anual de 10% a 13% no faturamento externo da empresa, nos próximos quatro anos.


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