Folha de S. Paulo


Escocês Angus Deaton vence Nobel de Economia por estudo sobre consumo

Maja Suslin/Associated Press
Anúncio do prêmio Nobel de Economia 2015, realizado nesta segunda-feira
Anúncio do prêmio Nobel de Economia 2015, realizado nesta segunda-feira

O Prêmio Nobel de Economia de 2015 foi concedido ao escocês Angus Deaton, 69, por seus estudos sobre consumo, pobreza e bem-estar social. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (12) em Estocolmo pela Academia Real Sueca de Ciências, responsável pelo premiação.

Deaton, que possui nacionalidade britânica e norte-americana, é professor de Economia e Relações Internacionais na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.

PhD em Economia pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, recebeu o prêmio por três pesquisas relacionadas, conduzidas ao longo de sua carreira acadêmica. A primeira, feita nos anos 1980, criou um modelo para estimar a demanda por diferentes tipos de bens, dada a renda dos consumidores.

Com ele, é possível, por exemplo, medir os efeitos de uma elevação ou redução de impostos sobre o consumo pessoal e, então, determinar os grupos sociais mais afetados pela medida.

Na década seguinte, ele passou a estudar as relações entre consumo e renda. Mais recentemente, sua pesquisa se concentrou nos indicadores de bem-estar social, como a saúde, em países ricos e pobres e na medição dos índices de pobreza em países em desenvolvimento, como a Índia.

"Para desenvolver políticas econômicas que promovam o bem-estar social e reduzam a pobreza, devemos primeiro compreender as escolhas individuais de consumo. Mais do que qualquer outro, Angus Deaton elevou esse entendimento", afirmou o comitê responsável pela escolha, em nota.

"Ao fazer a ligação entre as escolhas individuais e suas consequências para o cenário agregado, sua pesquisa ajudou a transformar os campos da microeconomia, da macroeconomia e da economia do desenvolvimento."

No livro "The Great Escape: Health, Wealth and the Origins of Inequality" (A Grande Fuga: Saúde, Riqueza e as Origens da Desigualdade, de 2013), Deaton afirma que, enquanto muitos vivem mais e financeiramente melhor atualmente, o desenvolvimento gerou desigualdade entre pessoas e países.

Em entrevista coletiva por telefone, logo após o anúncio, o economista tratou da atual crise de refugiados na Europa sob esse contexto. "O que estamos vendo agora é o resultado de centenas de anos de desenvolvimento desigual nos países ricos, deixando boa parte do mundo para trás.", disse.

"Essas pessoas deixadas para trás querem uma vida melhor, e isso está colocando uma pressão enorme nas fronteiras entre os mundos rico e pobre."

De acordo com ele, reduzir a pobreza nestes países resolveria o problema, solução que levará muito tempo para ser alcançada. "No curto prazo, acabar com a instabilidade em zonas de guerra ajudaria", disse.

Prêmio Nobel

2014

No ano passado, o francês Jean Tirole, 62, da Universidade de Toulouse, conquistou o prêmio pelos estudos sobre o poder de mercado de grandes empresas.

Especialista em telecomunicações, Tirole foca sua pesquisa em grandes empresas que, mesmo improdutivas, se mantiveram na liderança por aproveitar de monopólios e de regulação favorável em seus países.

O estudo também contempla o poder de mercado de empresas de tecnologia como Google e Apple, que se valem de pesquisa e inteligência de mercado para se manterem competitivas em relação aos concorrentes.

Vencedores do Nobel

*

Conheça a seguir os vencedores do prêmio desde 1969 e onde atuavam à época do prêmio:

2014 - Jean Tirole (França)

2013 - Eugene Fama, Robert Shiller e Lars Peter Hansen (todos dos EUA)

2012 - Alvin Roth e Lloyd Shapley (ambos dos EUA)

2011 - Thomas J. Sargent e Christopher A. Sims (ambos dos EUA)

2010 - Christopher Pissarides (Chipre) e Peter Diamond e Dale T. Mortensen (ambos dos EUA)

2009 - Elinor Ostrom e Oliver Williamson (EUA)

2008 - Paul Krugman (EUA)

2007 - Leonid Hurwicz, Eric S. Maskin e Roger B. Myerson (EUA)

2006 - Edmund S. Phelps (EUA)

2005 - Robert J. Aumann (Israel e EUA) e Thomas C. Schelling (EUA)

2004 - Finn E. Kydland (Noruega) e Edward C. Prescott (EUA)

2003 - Robert F. Engle 3º (EUA) e Clive W.J. Granger (Reino Unido)

2002 - Daniel Kahneman (EUA e Israel) e Vernon L. Smith (EUA)

2001 - George A. Akerlof, A. Michael Spence e Joseph E. Stiglitz (EUA)

2000 - James J. Heckman e Daniel L. McFadden (EUA)

1999 - Robert A. Mundell (Canadá)

1998 - Amartya Sen (Índia)

1997 - Robert C. Merton e Myron S. Scholes (EUA)

1996 - James A. Mirrlees (Reino Unido) e William Vickrey (EUA)

1995 - Robert E. Lucas Jr. (EUA)

1994 - John C. Harsanyi (EUA), John F. Nash Jr. (EUA) e Reinhard Selten (Alemanha)

1993 - Robert W. Fogel e Douglass C. North (EUA)

1992 - Gary S. Becker (EUA)

1991 - Ronald H. Coase (Reino Unido)

1990 - Harry M. Markowitz, Merton H. Miller e William F. Sharpe (EUA)

1989 - Trygve Haavelmo (Noruega)

1988 - Maurice Allais (França)

1987 - Robert M. Solow (EUA)

1986 - James M. Buchanan Jr. (EUA)

1985 - Franco Modigliani (EUA)

1984 - Richard Stone (Reino Unido)

1983 - Gerard Debreu (EUA)

1982 - George J. Stigler (EUA)

1981 - James Tobin (EUA)

1980 - Lawrence R. Klein (EUA)

1979 - Theodore W. Schultz (EUA) e Sir Arthur Lewis (Reino Unido)

1978 - Herbert A. Simon (EUA)

1977 - Bertil Ohlin (Suécia) e James E. Meade (Reino Unido)

1976 - Milton Friedman (EUA)

1975 - Leonid Vitaliyevoch Kantorovich (Rússia) e Tjalling C. Koopmans (EUA)

1974 - Gunnar Myrdal (Suécia) e Friedrich August von Hayek (Áustria)

1973 - Wassily Leontief (EUA)

1972 - John R. Hicks (Reino Unido) e Kenneth J. Arrow (EUA)

1971 - Simon Kuznets (EUA)

1970 - Paul A. Samuelson (EUA)

1969 - Ragnar Frisch (Noruega) e Jan Tinbergen (Holanda)


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