Folha de S. Paulo


Busca por moedas faz colecionador ter até conflito familiar

Eduardo Anizelli/Folhapress
Rafael Bezerra, 11, com seu álbum de moedas
Rafael Bezerra, 11, com seu álbum de moedas

Assim que a mãe ou a irmã chegam em casa, Rafael Bezerra, 11, pede para ver o troco que receberam durante o dia. Ele busca moedas bem conservadas para incluir no seu álbum, que tem espaço para um exemplar de cada uma das moedas cunhadas desde o lançamento do Plano Real, em 1994.

Seu tio, motorista de ônibus, também contribui com a coleção, e Rafael às vezes pede para comerciantes que trabalham perto de sua casa verificarem as moedas que receberam no dia.

Alguns se entusiasmam com a tarefa, outros, não. "Parte dos vendedores não quer conversa, fala que não tem moedas ou que não quer procurar", conta.

Tesouro perdido

Embora pareça inocente, a cobiça pelo vil metal já causou brigas familiares. Certa vez, precisando de trocado para a passagem de ônibus, a mãe usou inadvertidamente uma das moedas de Rafael –episódio que levou tempo para ser superado pelo garoto.

Entre as moedas que possui, a favorita de Rafael é a de R$ 1 lançada em 1994, feita de aço inoxidável. Nascido em 2004, ele ainda não era vivo quando, em 23 de dezembro de 2003, a moeda saiu oficialmente de circulação —a única de real a não ter mais valor como meio circulante.

Outras moedas que despertam a curiosidade de Rafael são as de R$ 0,01. Desde 2004, último ano em que foram produzidas, é raro receber uma delas como troco, até mesmo em lojas de R$ 1,99.

Para completar o álbum, faltam a Rafael 24 das mais de 120 moedas lançadas desde o início de vigência do real. A mais desejada é, claro, a mais rara: um exemplar de R$ 1 de 1998 em homenagem à Declaração Universal dos Direitos Humanos, vendida por até R$ 200.

Por causa do preço no mercado, Rafael nem cogita comprá-la. Ainda assim, tem esperança de que, um dia, um familiar ou um comerciante simpático lhe forneçam o tesouro.


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