Folha de S. Paulo


Petrobras concentra cortes de investimentos na exploração

O corte de US$ 11 bilhões em investimentos anunciado nesta semana pela Petrobras vai se concentrar novamente na área de exploração, segmento responsável pela busca de novas reservas de petróleo e gás. A empresa está poupando do ajuste projetos de produção, com o objetivo de garantir o aumento da receita nos próximos anos.

Procurada, a empresa não detalhou os cortes, mas um executivo confirmou à Folha que se concentram na área de exploração.

Este segmento já havia sido um dos mais atingidos na revisão do plano de negócios anunciada em junho.

Em maio, a Folha revelou que a exploração vinha sendo a área mais atingida pela crise desde o ano passado. Em 2014 houve queda de 40% nos investimentos realizados com relação ao ano anterior.

Os sucessivos cortes no segmento fizeram com que a estatal reduzisse em um terço a meta de produção até 2020: de 4,1 milhões de barris por dia, para 2,8 milhões de barris por dia.

No anúncio desta semana, Petrobras informou que investirá US$ 3 bilhões a menos do que os US$ 28 bilhões previstos em 2015. Em 2016, os aportes cairão de US$ 27 bilhões para US$ 19 bilhões.

O anúncio foi feito na noite de segunda (5) e foi bem recebido pelo mercado: nesta terça (6), as ações preferenciais da companhia (mais negociadas e sem direito a voto) subiram 4,73%.

O corte nos investimentos tem como objetivo, segundo a estatal, ajustar seu plano de negócios à nova realidade de petróleo barato e dólar caro.

IMPACTO

As metas de produção, porém, foram mantidas para os dois anos: 2,125 milhões de barris por dia em 2015 e 2,185 milhões de barris por dia em 2016. "Naturalmente, o corte na exploração terá impacto nas metas futuras de produção", diz um executivo de empresa parceira da estatal.

A exploração é a primeira fase do investimento em um campo de petróleo, na qual a petroleira analisa o subsolo em busca de reservas e define se investirá para extrair eventuais descobertas.

Em relatório divulgado nesta terça, o analista do banco JP Morgan Marcos Severine disse não acreditar em novas revisões das metas de produção de 2016, mas ver risco sobre as projeções para 2017.

A estatal já vem rompendo contratos de aluguel de sondas de perfuração de poços, equipamento mais usado na fase de exploração.

Segundo dados do site especializado Rigzone, há hoje 47 sondas marítimas em operação no Brasil, oito a menos do que um ano atrás.

A Folha apurou que os investimentos em produção no pré-sal estão sendo mantidos e, em alguns casos, acelerados para antecipar receita.


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