Folha de S. Paulo


Camargo Corrêa estuda vender sua participação na Alpargatas

A Camargo Corrêa afirmou nesta segunda-feira (5) que estuda a possibilidade de venda de sua participação na Alpargatas, empresa que controla no setor de moda e calçados esportivos, dona de marcas como Havaianas, Osklen e Rainha.

A companhia divulgou comunicado ao mercado em que informa que está analisando oportunidades oferecidas por investidores potencialmente interessados.

De acordo com a empresa, se optar pelo negócio, "poderá inclusive envolver a alteração na composição do controle da companhia".

No comunicado, a Camargo Corrêa, no entanto, ressalta que ainda não tomou qualquer decisão.

Em dificuldades decorrentes de seu envolvimento na Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção da Petrobras, a Camargo já demonstrou interesse em vender outras empresas de seu portfólio.

Uma das negociações dizia respeito a uma fatia da InterCement, uma das maiores produtoras de cimento do mundo e a principal empresa do grupo atualmente.

Seu mandato de venda da participação acionária foi negociado com Bradesco e Itaú, que financiaram a compra da portuguesa Cimpor, em 2010.

SEM OBRAS

A Camargo vem reduzindo sua presença no setor de obras públicas devido ao envolvimento na Lava Jato —a companhia firmou acordo de leniência com o Ministério Público Federal que abrange multa de R$ 700 milhões.

A construtora já tinha sido alvo da Operação Castelo de Areia, uma investigação sobre delitos financeiros como evasão de divisas, que acabou anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

As obras públicas, hoje, contribuem com menos de 5% do faturamento do grupo.

A companhia é um dos grupos brasileiros mais diversificados entre aqueles que cresceram a partir da construção pesada.

É dona da Alpargatas, sócia da CCR (concessões de rodovias e aeroportos) e da CPFL Energia, uma das maiores empresas de energia do país.

No caso da CPFL, fundos nacionais e estrangeiros também foram procurados para avaliar o interesse sobre o ativo, mas a empresa sempre negou qualquer possibilidade de negócio.

Em nota, a Camargo Corrêa informou que "está sempre atenta às oportunidades de investimento que criem valor no longo prazo" e que tem "confiança de que os desafios conjunturais da atual crise poderão ser superados".

Procurada, a CPFL diz que não comenta rumores de mercado nem assuntos relativos aos acionistas controladores.


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