Folha de S. Paulo


Bancários entram em greve na próxima terça-feira

Apu Gomes/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 19-09-2013, 10h00: GREVE DOS BANCARIOS. Bancario contrario a greve (roupa marrom), derruba grevista do Banco do Brasil na tentativa de entrar na agencia do BB na Rua XV de Novembro, no centro de Sao Paulo fechada no primeiro dia de greve dos bancarios de Sao Paulo, Osasco e regiao. (Foto: Apu Gomes/Folhapress, Mercado ) *** EXCLUSIVO***
Fachada de agência do Banco do Brasil no centro de São Paulo, durante greve dos bancários em 2013

O sindicato dos bancários de São Paulo decidiu, em assembleia realizada nesta quinta-feira (1°), entrar em greve a partir do dia 6 de outubro.

A decisão ocorre depois de negociação com a federação dos bancos e, até as 22h20 desta quinta, já tinha sido tomada por 72 sindicatos, entre eles os de Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador.

Os bancários haviam recebido uma proposta de 5,5% de reajuste nos salários, além de R$ 2.500 de abono fixo. A categoria pede reajuste salarial de 16%, sendo 5,6% de aumento real e 9,88% referentes à perda da inflação .

Pelos cálculos do Sindicato dos Bancários, a "perda real de 4%" significa que um bancário que recebe o salário médio da categoria iria perder no ano R$ R$ 2.144,81 em relação a uma proposta que apenas cobrisse a inflação.

Segundo Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e uma das coordenadoras do comando nacional, esse foi o pior índice oferecido pelos bancos desde 2004.

"Perda real não é condizente com os resultados dos bancos, que tiveram lucro líquido de R$ 36,3 bilhões nos últimos seis meses. As instituições financeiras estão colocando a categoria em greve de forma irresponsável, ao mesmo tempo que cobram juros de mais de 400% no cartão de crédito, prejudicando toda a população", disse a sindicalista.

São mais de 500 mil bancários no Brasil, sendo 142 mil representados pelo sindicato em São Paulo, Osasco e região.

A categoria recebeu aumento real de 20,07% no período entre 2004 e 2014. No ano passado, foram 2,02% acima da inflação.

ORIENTAÇÕES AO CONSUMIDOR

De acordo com o Procon-SP, diante de um cenário de greve, o consumidor continua com a obrigação de pagar faturas, boletos bancários e demais cobranças, mas as empresas são obrigadas a oferecer outro local de pagamento.

Para evitar a cobrança e o envio do nome a serviços de proteção ao crédito, a entidade recomenda que o consumidor entre em contato com a empresa e peça opções de formas e locais para pagamento, como internet, sede da empresa e casas lotéricas.

O consumidor deve documentar o pedido para que, posteriormente, possa reclamar ao Procon-SP se o fornecedor não o atender.

OPÇÕES

Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o consumidor tem à disposição vários canais alternativos para realizar transações financeiras. A tabela abaixo mostra as opções disponíveis.

Editoria de Arte/Folhapress
SAIBA COMO DRIBLAR A PARALISAÇÃO DOS BANCÁRIOS Confira os canais de atendimento disponíveis

CAMPANHA SALARIAL

Os bancários, com data-base em setembro, entregaram a pauta de reivindicações no dia 11 de agosto.

Entre as principais reivindicações da campanha deste ano pedem

> Reajuste Salarial de 16%, sendo 5,6% de aumento real, com inflação de 9,88% (INPC)

> Participação nos Lucros e Resultados no valor de três salários mais R$ 7.246,82 fixos

> Piso de acordo com salário mínimo do Dieese, de R$ 3.299,66

> Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor do salário mínimo nacional (R$ 788);

> 14º salário

> Fim das demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e à precarização das condições de trabalho

> Fim das metas abusivas e do assédio moral

> Mais segurança nas agências bancárias

OUTRO LADO

A FENABAN (Federação Nacional de Bancos) informou por nota que "a proposta visa compensar perdas decorrentes da inflação passada, sem contaminar os índices futuros, o que iria contra os esforços do governo para reequilibrar os fundamentos macroeconômicos".

O documento destaca que a proposta da federação mantém o poder de compra médio da categoria nos últimos doze meses e que, desde 2004, houve um processo de aumento real dos salários dos bancários sem interrupção.

"O reajuste de 5,5% está em linha com a expectativa de inflação para os próximos 12 meses. Índices acima das expectativas de inflação podem contribuir para maior dificuldade na queda dos índices inflacionários", informa a nota.

Além do reajuste salarial, os bancários receberiam participação de 5% a 15% dos lucros dos bancos.

De acordo com a FENABAN, essa fórmula de distribuição do lucro, aplicada, por exemplo, ao salário de um caixa bancário, de R$ 2.560,00, pode garantir o equivalente a até quatro salários.

Os bancos ofereceriam ainda um abono de R$ 2.500 que seria distribuído igualmente para toda a categoria dos bancários sem ser incorporado aos salários.


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