Folha de S. Paulo


Centros de operação usam dados digitais e mudam controle de tráfego

Se no passado os órgãos públicos precisavam tomar decisões baseadas em relatórios de papel, a tecnologia permite hoje que tenham como fonte milhares de dados digitais e informações em tempo real. Mais do que isso, as novas soluções conectam os governantes com os olhos e os ouvidos de seus cidadãos e servidores nas ruas.

Desde 2010, centros de operações tecnológicos vêm sendo inaugurados nas capitais do país para ajudar a gerenciar o tráfego e melhorar a resposta das autoridades em situações de emergência.

MOBILIDADE
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"Antes, o setor público ficava bloqueado, dentro do seu escritório, recebendo poucas informações em relatórios. O que acontecia é que as decisões eram parcialmente técnicas, parcialmente instintivas", diz Antônio Carlos Dias, do programa de Cidades Inteligentes da IBM.

O primeiro deles, o COR (Centro de Operações do Rio), implementado após as fortes chuvas que atingiram a região em 2010, virou referência na área.

O centro reúne 30 órgãos municipais e estaduais, entre eles a CET-Rio, a Defesa Civil, a Polícia Militar do Estado e a Guarda Municipal.

Os representantes trabalham em torno de um telão que transmite em tempo real imagens de mil câmeras espalhadas pelo município.

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"Nosso objetivo é garantir que todos saibam qual é o cenário", diz Pedro Junqueira, chefe-executivo do COR.

O centro investiu em parcerias com aplicativos e no uso de redes sociais para ter acesso às informações o quanto antes.

É o caso do acordo com o Waze, app que permite aos usuários compartilharem informações sobre o trânsito em suas rotas. Há dois anos, a gestão do COR tem acesso às ocorrências informadas pelos cidadãos pelo aplicativo.

A parceria permite que a prefeitura "bloqueie" a via com problemas no Waze.

Com as informações em mãos e todos os órgãos reunidos no centro, é possível também que o metrô se prepare para um possível aumento de demanda no local.

Outra parceria, com o Twitter, permite que a Prefeitura do Rio alerte, via SMS, usuários cadastrados no sistema do COR sobre situações de emergência na cidade –são os Twitter Alerts.

Centro semelhante foi inaugurado em Belo Horizonte (MG) às vésperas da Copa do Mundo, no ano passado.

"O centro nos permite ter uma visão unificada dos acidentes e incidentes. E isso permite melhor tomada de decisão", afirma o brigadeiro José Candez Neto, diretor do COP-BH, que reúne 13 instituições.

Além de utilizar imagens das cerca de mil câmeras da prefeitura –e outras centenas de parceiros–, o centro está implementando uma parceria com o Agentto, aplicativo cujo objetivo é a criação de uma rede de segurança familiar.

Desenvolvido no Brasil, o programa vai permitir traçar um raio em torno de um problema, como acidente de trânsito ou incêndio, e avisar a todos os usuários que entrarem na região afetada.

PORTO ALEGRE

Em Porto Alegre, o Ceic (Centro Integrado de Comando) decidiu por uma abordagem diferente. Em vez de transferir os funcionários dos 18 órgãos que atuam sob o nome para um único prédio, decidiu juntar apenas representantes de cada um deles.

De acordo com o coordenador do centro, Airton Carlos da Costa, o objetivo era não prejudicar a autonomia de cada uma das instituições.

O Ceic atua principalmente em emergências ou no planejamento de ações maiores, como grandes eventos e monitoramento climático.


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