Folha de S. Paulo


Tecnologia ajuda a vencer restrições no transporte de cargas

O transporte de cargas nos grandes centros urbanos ganhou um importante aliado para lidar com restrições de circulação, de horários e limite de peso e dimensão dos caminhões e para otimizar as entregas : a tecnologia.

"Não é fácil driblar tantas restrições. Hoje, mais de cem cidades no Brasil têm algum tipo de limitação e isso torna o transporte mais caro", afirma Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas & Logística).

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Investimento renova cidades e traz melhoria

De acordo com ele, para bancar os custos extras com as restrições do trânsito é necessário cobrar entre 15% e 20% mais no transporte, já que é necessário ampliar a frota para fazer a mesma quantidade de entrega.

Uma alternativa encontrada pelas empresas para minimizar o impacto é realizar a roteirização das entregas, carregando a carga por ordem de retirada. A primeira carga que entra no veículo é a última que sai. Tudo isso feito com sistemas de gestão modernos que definem o roteiro dos caminhões.

A entrega noturna também é uma opção para tornar as entregas mais eficientes, mas esbarra em problemas de segurança.

A RV Ímola, especializada no transporte de medicamentos, é um das empresas que vêm apostando na tecnologia e na integração com o cliente para garantir a entrega das cargas, mesmo com as restrições das grandes cidades.

O sistema da companhia, que também atua como operador logístico, é equipado com um software que promete garantir que não faltem remédios nos hospitais que atende.

"O nosso sistema de gestão registra quando o medicamento sai do estoque e quando precisa ser reposto", diz Marcus Machado, vice-presidente operacional da empresa, com sede em São Paulo.

A RV Ímola investiu R$ 1 milhão em tecnologia desde o ano passado e realiza cerca de 16 mil entregas por mês.

As montadoras também têm feito investimentos pesados para dar mais conforto e segurança aos responsáveis pelo transporte.

"O principal desafio das transportadoras é conseguir ter uma gestão adequada de logística", considera Marcos Andrade, gerente de marketing de caminhões da Mercedes-Benz.

Veículos da montadora já saem de fábrica com sistemas de rastreamento, para aumentar a segurança, e de gestão de frotas, que permite definir a roteirização e tornar a entrega mais eficiente.

NA ESTRADA

Na estrada o problema é outro. Rodovias ruins e roubo de carga são as principais dificuldades enfrentadas pelos transportadores.

De acordo com levantamento da NTC&Logística, 88% das estradas brasileiras não são pavimentadas, o que encarece em 50% o custo do transporte.

"O Brasil é muito mal dotado de rodovias. Temos 1,6 milhão de quilômetros de rodovias e estradas e apenas 212 mil km são pavimentados", afirma o diretor-técnico da associação nacional.

Isso sem contar o roubo de cargas, que, segundo a entidade, cresceu 16% em 2014, com registro de 17,5 mil casos no país. Nos últimos dois anos, o prejuízo com problemas de segurança chegou a R$ 2 bilhões.

Para tentar reduzir o impacto disso, as transportadoras têm investido em sistemas de rastreamento.

Salas de comando que funcionam 24 horas por dia e com tecnologia avançada permitem verificar, em tempo real, por onde cada caminhão está transitando.

Caso o caminhoneiro saia da rota, um sinal de alerta é emitido automaticamente para a central, que entra em contato com o motorista ou pode bloquear diretamente o caminhão.


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