Folha de S. Paulo


Mercosul e UE farão troca de ofertas no próximo mês, diz ministro

Sérgio Lima/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 20-01-2015: O ministro do Desenvolvimento, Industria e Comércio, Armando Monteiro, durante entrevista exclusiva a Folha, em seu gabiente no MDIC. (Foto: Sergio Lima Folhapress - PODER) ***EXCLUSIVA***
O ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro

A esperada troca de ofertas entre o Mercosul e União Europeia para a criação de uma área de livre comércio entre os dois blocos está programada para o mês que vem, segundo o ministro Armando Monteiro (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Uma reunião entre técnicos das duas delegações ocorrerá nos dias 1º e 2 de outubro em Assunção, no Paraguai, e a troca será feita "imediatamente depois", afirmou Monteiro à Folha.

A troca de propostas, quando cada lado faz uma oferta sobre produtos que terão a tarifa zerada, é o primeiro passo para a costura do acordo.

"Estamos otimistas. A previsão era fazer a troca até o último trimestre deste ano e faremos já no primeiro mês do trimestre", disse.

Monteiro e o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) reuniram-se nesta terça-feira (23) em Assunção com ministros de Argentina, Uruguai e Paraguai para debater a proposta —a Venezuela, que ainda está em processo de adequação às regras do Mercosul, ficará de fora neste primeiro momento.

Monteiro afirmou que os últimos pontos da oferta do Mercosul foram alinhados e o bloco está pronto.

INDAS E VINDAS

As conversas para a criação da área de livre comércio se arrastam desde os anos 90. Em 2010, a negociação foi relançada, mas a troca de ofertas prevista para dezembro de 2013 foi sendo sucessivamente adiada desde então.

Em junho deste ano, em Bruxelas, os dois blocos estipularam o final deste ano como prazo limite para a troca.

O avanço nas negociações com o bloco europeu é aguardado com ansiedade pelo setor privado brasileiro. Pelo quarto ano consecutivo, o país enfrenta queda nas exportações. Os produtos manufaturados, os bens industriais de alto valor agregado, são os que mais têm sofrido.

Os empresários temem que o país fique ainda mais para trás diante da expectativa de que um acordo entre EUA, Japão e outros dez países do pacífico seja fechado este ano.

A União Europeia é um mercado estratégico: é destino de quase 18% dos embarques brasileiros ao exterior.

Segundo Monteiro, a proposta do Mercosul será mais ambiciosa que a feita em 2004, quando os dois blocos tentaram pela primeira vez deslanchar o acordo. Ele afirmou ainda que a crise vivida pelo Brasil não tem interferido nas negociações.


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