Folha de S. Paulo


Nintendo promove chefe de operações na América do Norte à presidência

A Nintendo apontou Tatsumi Kimishima, antigo presidente de suas operações na América do Norte, como novo presidente, selecionando um sucessor discreto dois meses depois da morte de seu antigo líder.

Kimishima, 65, começou como executivo bancário e até agora comandava as operações de recursos humanos e contabilidade da companhia japonesa de videogames. Ele terá a missão de orientá-la em um período difícil de transição, quando a empresa está se esforçando para tentar atender a demanda dos consumidores no mercado cada vez maior de jogos para aparelhos móveis.

A indicação passa a vigorar na quarta-feira, e surge depois que Satoru Iwata, 55, o presidente anterior da Nintendo, morreu de câncer em junho, depois de 13 anos no comando da empresa durante os quais ele redefiniu os videogames com o lançamento do console Wii, uma década atrás.

"Será um desafio para o novo presidente retomar o ímpeto no negócio tradicional de consoles de videogame enquanto ao mesmo tempo tenta causar impressão no mundo dos apps", disse Jay Defibaugh, analista da CLSA.

A maioria dos analistas esperava que Genyo Takeda, hoje encarregado de pesquisa e desenvolvimento na Nintendo, fosse selecionado como novo presidente. Desde a morte de Iwata, Takeda vinha dirigindo a empresa em companhia do guru dos games Shigeru Miyamoto.

Na nova reformulação do comando do grupo, Takeda será "fellow" para a tecnologia e Miyamoto "fellow" de criação. O posto de "fellow" acaba de ser criado e envolve um papel consultivo, de assessoria em áreas nas quais o executivo tenha conhecimento especializado, anunciou a companhia na segunda-feira.

Em um comunicado sucinto, a Nintendo anunciou que haveria "uma revisão em larga escala na estrutura organizacional da companhia", mas se recusou a comentar sobre os motivos para a escolha de Kimishima, antes de uma entrevista coletiva que este concederá na segunda-feira.

Kimishima se tornará o quinto presidente da Nintendo desde a fundação desta como fabricante de baralhos japoneses, em 1889, e o segundo, depois de Yawata, a não ser membro da família Yamauchi, fundadora da companhia.

Depois de uma longa carreira em bancos japoneses, Kimishima se transferiu ao setor de videogames em 2000, se tornando diretor representante de uma empresa que administra a franquia de jogos Pokémon.

Ele começou a trabalhar para a Nintendo em 2002, como presidente do conselho das operações norte-americanas da empresa, posto no qual ele supervisionou o desenvolvimento do Wii U.

Desde 2013, ele trabalha na sede da companhia em Kyoto e responde pela contabilidade e recursos humanos.

Além de ocupar o posto de Iwata, uma das pessoas mais queridas no setor mundial de videogames, Kimishima comandará uma mudança fundamental na estratégia da Nintendo, que afastará a empresa de seu modelo concentrado exclusivamente em consoles.

Em março, a Nintendo anunciou uma parceria com a DeNA, uma produtora japonesa de jogos para aparelhos móveis, a fim de desenvolver aplicativos para esses dispositivos —uma decisão que pode abrir seus personagens Mario e Donkey King aos smartphones e tablets.

Criar apps de jogos para aparelhos móveis será um novo campo para uma empresa que por décadas se concentrou em prover "uma experiência de jogo completa" via console, disse Defibaugh. Outro desafio será encontrar recursos para desenvolver novos apps de jogos, ele acrescentou.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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