A situação das contas públicas brasileiras e o histórico das decisões da Standard & Poor's mostram que dificilmente o Brasil recuperará sob o mandato de Dilma Rousseff (que se encerra em 2018) o grau de investimento concedido pela agência americana de avaliação de risco.
Segundo levantamento baseados nas decisões da S&P em 136 países, 19 deles já passaram pelo mesmo problema do Brasil de perder o selo de bom pagador, mas apenas seis já recuperaram esse status —em uma tarefa que pode durar mais de uma década.
O caso mais demorado foi o da Colômbia, que perdeu o grau de investimento em 1999, em meio a uma forte contração econômica, e só voltou em 2011 ao clube dos países considerados menos arriscados de dar um calote.
ELES CHEGARAM LÁ - Total de anos para país recuperar grau de investimento
Para outro vizinho brasileiro, o Uruguai, o caminho também foi longo, iniciado em 2002 (na esteira da crise argentina), e só foi encerrado igualmente em 2011.
A Coreia do Sul foi o país que retomou o grau de investimento mais rápido, apenas 1 anos e 2 meses após perdê-lo, no fim de 1997, em meio à crise asiática.
O cenário das contas públicas do Brasil, no entanto, torna improvável que o país siga o mesmo caminho traçado pelos asiáticos. A própria S&P colocou a nota brasileira sob perspectiva negativa e disse que há mais de "uma chance em três" de a situação da classificação do país piorar.
NA FILA DE ESPERA - Total de anos que país perdeu grau de investimento
Além disso, a maior parte das economias que foram rebaixadas pela agência americana permanece com a classificação de grau especulativo (risco maior de calote).
A situação mais demorada novamente é sul-americana: a Venezuela aguarda desde 1983 para recuperar o grau de investimento e deve levar muitos anos para obtê-lo —ela tem atualmente classificação "CCC", uma das baixas, em que a S&P considera que o calote é praticamente certo.
Depois dos venezuelanos, são os egípcios e os indonésios que estão esperando a mais tempo para voltar a ter o status de bom pagador: 18 anos.