Folha de S. Paulo


Recuperação do selo de bom pagador da S&P costuma demorar anos

Emmanuel Dunand - 18.set.2012/AFP
(FILES) This September 18, 2012 file photo shows a sign for Standard & Poor's rating agency in front of the company headquarters in New York. US rating firm Standard & Poor's said February 3, 2015 it had agreed to pay $1.37 billion to settle lawsuits that it overrated mortgage bonds at the heart of the
Sede da Standard & Poor's em Nova York, nos EUA

A situação das contas públicas brasileiras e o histórico das decisões da Standard & Poor's mostram que dificilmente o Brasil recuperará sob o mandato de Dilma Rousseff (que se encerra em 2018) o grau de investimento concedido pela agência americana de avaliação de risco.

Segundo levantamento baseados nas decisões da S&P em 136 países, 19 deles já passaram pelo mesmo problema do Brasil de perder o selo de bom pagador, mas apenas seis já recuperaram esse status —em uma tarefa que pode durar mais de uma década.

O caso mais demorado foi o da Colômbia, que perdeu o grau de investimento em 1999, em meio a uma forte contração econômica, e só voltou em 2011 ao clube dos países considerados menos arriscados de dar um calote.

ELES CHEGARAM LÁ - Total de anos para país recuperar grau de investimento

Para outro vizinho brasileiro, o Uruguai, o caminho também foi longo, iniciado em 2002 (na esteira da crise argentina), e só foi encerrado igualmente em 2011.

A Coreia do Sul foi o país que retomou o grau de investimento mais rápido, apenas 1 anos e 2 meses após perdê-lo, no fim de 1997, em meio à crise asiática.

O cenário das contas públicas do Brasil, no entanto, torna improvável que o país siga o mesmo caminho traçado pelos asiáticos. A própria S&P colocou a nota brasileira sob perspectiva negativa e disse que há mais de "uma chance em três" de a situação da classificação do país piorar.

NA FILA DE ESPERA - Total de anos que país perdeu grau de investimento

Além disso, a maior parte das economias que foram rebaixadas pela agência americana permanece com a classificação de grau especulativo (risco maior de calote).

A situação mais demorada novamente é sul-americana: a Venezuela aguarda desde 1983 para recuperar o grau de investimento e deve levar muitos anos para obtê-lo —ela tem atualmente classificação "CCC", uma das baixas, em que a S&P considera que o calote é praticamente certo.

Depois dos venezuelanos, são os egípcios e os indonésios que estão esperando a mais tempo para voltar a ter o status de bom pagador: 18 anos.

Classificação de risco


Endereço da página:

Links no texto: