Folha de S. Paulo


Alta do dólar faz dívida da Petrobras aumentar em R$ 74,8 bilhões

A disparada recente do dólar tem um impacto devastador sobre o já elevado endividamento da Petrobras. De acordo com cálculo feito pela Economática a pedido da Folha, com o dólar a R$ 3,7, a estatal ganha mais R$ 74,8 bilhões em dívida para pagar.

A excessiva exposição da dívida da estatal ao dólar é um motivo a mais de preocupação no mercado. Ao fim do segundo semestre —último dado oficial disponível, 83% do endividamento da companhia estava atrelado a moedas estrangeiras.

O impacto do aumento da dívida na saúde financeira da companhia depende de outros fatores, como a receita em dólar e eventuais medidas de proteção contra variações cambiais (hedge).

DÍVIDA CARA - Dólar em alta eleva endividamento da estatal

Mas o endividamento ao final de cada trimestre é usado como parâmetro por empresas de avaliação de risco, como indicador da capacidade de pagamento da empresa.

No segundo trimestre, a relação entre dívida líquida e geração de caixa estava em 4,64 vezes, bem superior aos 3,5 vezes considerados adequados pelo mercado.

Isso significa que a empresa precisaria de mais de quatro anos para pagar sua dívida, considerando a geração de caixa daquele período.

A conta considera que não houve captações em moeda estrangeira neste terceiro trimestre (nenhuma foi anunciada pela companhia).

"Com o dólar caminhando para os R$ 4, a dívida da empresa explode", diz o analista independente Flávio Conde, do site Whatscall. "Não vejo saída neste momento, a não ser um aumento de capital", completa.

Segundo ele, a cada R$ 0,10 de desvalorização do real, a dívida da Petrobras cresce R$ 10 bilhões. Quando o real se valoriza, a dívida cai na mesma proporção.

Procurada, a Petrobras não se manifestou sobre o tema.

O cálculo da Economática leva em conta o valor da dívida no final do segundo trimestre, quando o dólar custava R$ 3,10.

Naquele momento, a companhia tinha dívida total de R$ 415,5 bilhões.

Considerando a variação cambial até quinta (3), quando a cotação Ptax (usada para o fechamento de contratos) chegou a R$ 3,776, essa parcela da dívida em dólar sobe para R$ 419,4 bilhões.

A dívida da companhia em moeda estrangeira se acentuou a partir de 2013, como estratégia para sustentar seus investimentos.

No início daquele ano, os empréstimos da estatal atrelados a moedas estrangeiras somavam US$ 62,3 bilhões (ou R$ 127,4 bilhões ao câmbio da época). Ao fim do segundo trimestre de 2015, chegavam a US$ 111,1 bilhões.


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