Folha de S. Paulo


Crise faz quase 1 milhão de brasileiros a mais trabalhar por conta própria

O Brasil perdeu 971 mil empregos com carteira de trabalho assinada de abril a junho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2014, segundo dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (25).

Com a economia em recessão e empresários sem confiança sobre a demanda por seus produtos e serviços, o mercado de trabalho não gera vagas para reacomodar os demitidos. Os trabalhadores têm feito bicos e criado negócios próprios.

O número de pessoas que trabalham por conta própria —sem empregados ou com ajuda de alguém não remunerado— aumentou 989 mil, crescimento de 4,7% na comparação entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo período do ano passado, atingindo a marca de 22 milhões de pessoas.

"É período muito similar ao 2003 em termos de aumento da taxa da desocupação, estabilidade na população ocupada e aumento principalmente desse grupo que são os trabalhadores por conta própria" disse Cimar Azeredo, técnico do IBGE.

Rendimento médio real - Por Estado, em R$

RENDA

Apesar da redução do número de trabalhadores com carteira assinada, o rendimento desse grupo cresceu 1,9% no segundo trimestre, frente ao mesmo período do ano passado, para R$ 1.798 (já deflacionado).

Os trabalhadores sem carteira assinada, no entanto, viram seu rendimento encolher 4,9% no período, para R$ 1.039. "O trabalhador com carteira tem garantias que o emprego sem carteira não tem. É mais fácil reduzir salário de quem não tem carteira", explicou Azeredo.

DESEMPREGO

O IBGE divulgou nesta terça que uma combinação de maior procura por trabalho sem a criação de novas vagas aumentou a taxa de desemprego para 8,3% no segundo trimestre deste ano.

No mesmo período do ano passado, a taxa havia sido de 6,8%. No primeiro primeiro trimestre deste ano, a taxa era de 7,9%.

O número de desempregados no país cresceu 23,5% no segundo trimestre deste ano, na comparação ao mesmo período do ano passado, um incremento de 1,587 milhão de pessoas. Frente ao primeiro trimestre, o aumento foi de 5,3%.

Taxa de desocupação, em % - No Brasil, grandes regiões e unidades da federação


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