Folha de S. Paulo


Plataformas permitem investimento coletivo em troca de ações da empresa

Três empresas oferecem uma nova forma de start-ups conseguirem dinheiro: o investimento coletivo.

No chamado "equity crowdfunding", o empreendedor apresenta sua proposta e dados financeiros da empresa em uma plataforma virtual que, em troca de uma porcentagem do investimento de até 10%, o conecta com potenciais investidores.

Os sites se encarregam de organizar uma espécie de vaquinha virtual. Todos que colocam dinheiro no negócio ganham, em troca, títulos de dívida conversíveis em ações da empresa.

Neste ano, 25 empresas conseguiram aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para captar recursos via investimento coletivo. O número é um salto em relação aos três pedidos aprovados no ano passado.

A plataforma Eusocio conseguiu em junho sua primeira cliente, a Anova Pesquisa, que pretende levantar R$ 550 mil on-line.

Em breve, mais duas start-ups começarão a captar no site, segundo João Falcão, fundador do Eusocio.

Em abril deste ano, o Mercode, site que reúne pequenos mercados, recorreu ao investimento coletivo para arrecadar R$ 200 mil.

Fábio Campos, um dos fundadores, anunciou no site da Broota e, em menos de 60 dias, dez investidores toparam participar da vaquinha.

Davi Ribeiro/Folhapress
Frederico Rizzo na sede da plataforma Broota, em São Paulo
Frederico Rizzo na sede da plataforma Broota, em São Paulo

"É um meio muito rápido e simples de captar recursos", diz Campos. "Nesse período que levantamos o dinheiro, não seria viável me reunir com tantos investidores para apresentar nossa proposta."

Apesar da rapidez na captação, as empresas devem tomar cuidado ao aderir ao modelo, já que o investidor vira dono de parte do negócio.

"Investigue bem o investidor. Além de procurar referências sobre ele na internet, converse com pessoas que conhecem o jeito dele trabalhar, já que ele pode participar da gestão do negócio", diz Marcelo Nakagawa, professor do instituto de ensino Insper.

A Broota promove esse tipo de investimento há pouco mais de um ano. Frederico Rizzo, sócio-fundador, diz que a captação através do site leva em média 30 dias.

Os aportes normalmente ficam entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. A plataforma fica com 7,5% do dinheiro obtido.

A Timokids, desenvolvedora de aplicativos para crianças, também optou pelo investimento coletivo para levantar R$ 260 mil em março.

"Estávamos em uma fase de testes, antes de pensar em receita, algo que não se encaixa no perfil do investidor tradicional", diz Fabiany Lima, presidente da Timokids.

O dinheiro foi usado para lançar novos produtos e contratar equipe.

DE FORA

De olho nas start-ups brasileiras, a plataforma chilena Fundacity chegou ao país em 2014. Ela reúne aceleradoras, incubadoras e grupos de investidores de 138 países que oferecem capital para empresas novatas.

"São investidores que anunciam seus programas por meio da Fundacity, onde as start-ups podem se inscrever", diz Miklos Grof, cofundador da plataforma.

Globalmente, 9.509 start-ups já se inscreveram na Fundacity, fundada em 2013.

Os valores aportados em cada start-up variam entre US$ 10 mil (R$ 35 mil) e US$ 200 mil (R$ 697 mil).

Investimento coletivo


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