Embora necessária, a ajuda ao setor de autopeças expõe a fragilidade dos incentivos à produção de automóveis no Brasil.
Todas as energias foram concentradas no mercado local, criando um vínculo de dependência. Se as vendas caem, os estoques das montadoras crescem e a produção para, os fornecedores entram em colapso.
Não por acaso, várias empresas que fornecem componentes às linhas de montagem estão entre as primeiras a aderir ao Programa de Proteção ao Emprego.
Sem iniciativas que aumentem a competitividade global das sistemistas, resta recorrer à mão estendida pelos bancos estatais, solução que joga o problema para o futuro, na expectativa da retomada dos negócios.
São poucas as empresas instaladas no Brasil que têm capacidade para fortalecer o setor de exportações em um momento de dólar em alta. As que conseguem são, em maioria, multinacionais.
A crise é mais aguda para os fornecedores nacionais de pequeno e médio porte, que aceleraram os investimentos para atender à crescente demanda das montadoras entre 2003 e 2012. Muitos ainda estão pagando os empréstimos de longo prazo feitos para ampliar a produção.
Essas empresas respondem por boa parte das 50 mil demissões que ocorreram no setor de autopeças nos últimos 18 meses, de acordo com estimativa do Sindepeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores).