Folha de S. Paulo


Governo desligará 21 usinas térmicas para economizar R$ 5,5 bilhões

Rodrigo Dionisio/Folhapress
 Acervo do Museu da Lâmpada, em São Paulo
Acervo do Museu da Lâmpada, em São Paulo

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu nesta quarta-feira (5) desligar o equivalente a cerca de 2 mil megawatts (MW) médios gerados em usinas termelétricas que tenham custo de operação superior a R$ 600 por megawatt-hora (MWh).

Com o desligamento dessas usinas mais caras, a partir da zero hora de sábado (8), o governo estima que o sistema elétrico economizará até R$ 5,5 bilhões até o fim do ano. Ao todo, serão desligadas 21 usinas: Igarapé, Termonorte 2, Bahia I, Sepé Tiaraju, Palmeiras do Goiás, Enguias, Araucária, Muricy, Arembepe, Nutepa, Daia, Petrolina, Goiânia 2, Camaçari, Carioba, Brasília, Potiguar, Potiguar III, Pau Ferro, Termomanaus e Xavantes.

Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, um dos principais fatores que levaram à decisão "unânime no comitê" foi a melhora no quadro hidrológico do país.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia estima que os reservatórios da região Sudeste e Centro-Oeste devem chegar em novembro, fim do período seco, a 30% da capacidade.

Braga citou ainda, em entrevista a jornalistas, os recordes na geração de energia eólica e o aumento na capacidade instalada de produção como outros fatores.

O direto-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, por sua vez, disse que também colaborou para a decisão a redução da carga no sistema, em meio à queda no consumo de energia pela atividade econômica mais fraca.

Editoria de Arte/Folhapress

CONSUMIDOR

"Com a decisão (de desligar parte das térmicas), a Aneel fará os estudos para apontar, a partir de então, qual será a conduta em relação às bandeiras tarifárias", disse Braga.

As chamadas bandeiras tarifárias repassam para os consumidores a alta no custo da geração. Atualmente, estão em vigor as bandeiras vermelhas, que acrescentam R$ 5,50 para cada 100 kilowatt-hora consumido.

Se, eventualmente, a Aneel decidir que o desligamento das térmicas pode fazer mudar as bandeiras para a cor amarela, por exemplo, o custo adicional na tarifa cairia para R$ 2,50 para cada 100 kilowatt-hora.

Segundo Braga, ainda permanecem funcionando cerca de 10 mil MW médios de usinas termelétricas, com um custo mais caro, em geral.

"Mas, no momento mais crítico, chegamos a ter 15 mil MW médios funcionando", afirmou o ministro.

O CMSE manteve em 1,2% o risco de qualquer deficit de energia na região Sudeste/Centro-Oeste neste ano, mesmo índice do mês passado.

"Academicamente, existe ainda um risco de 1,2% de deficit no Sudeste, mas na prática o risco este ano é zero", disse Braga.

MAIS CLAREZA

A AES Eletropaulo, distribuidora de energia que atende à região metropolitana de São Paulo, alterou a conta de luz de forma a destacar, separadamente, o custo extra da bandeira tarifária vermelha.

A rubrica adiciona uma cobrança de R$ 5,50 por cada 100 kilowatt-hora e é usada quando os custos de produção de energia aumentam. Isso ocorre no país desde janeiro devido ao uso mais intenso de termelétricas, resultado da crise hídrica.

A mudança ocorre em resposta a ofício enviado no dia 22 pela Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) à Eletropaulo e à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que reforçou a todas as distribuidoras a exigência de adequação às normas vigentes.

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Conta de luz da eletropaulo na versão contestada pela proteste. segundo o órgão de defesa do consumidor, a companhia de energia não detalhava o custo para o consumidor com a bandeira vermelha
Contas de luz da Eletropaulo antes (preto e branco) e depois da mudança

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