Folha de S. Paulo


Bradesco compra operação brasileira do HSBC por US$ 5,2 bilhões

Alastair Grant/Associated Press
Fachada de edifício do HSBC, em Londres; Operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco
Fachada de edifício do HSBC, em Londres; Operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco

O Bradesco comprou neste domingo (2) a operação brasileira do HSBC por US$ 5,186 bilhões (R$ 17,6 bilhões), diminuindo a diferença para o Itaú, maior banco privado do país.

Os detalhes do negócio serão anunciados nesta segunda-feira (3). O valor da operação ficou acima do previsto pelo mercado. Analistas esperavam que o banco fosse comprado por R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões.

O maior interesse do Bradesco está na clientela de alta renda do HSBC, sexta maior instituição financeira do país em ativos. O banco tem cerca de 10 milhões de clientes, uma rede de 853 agências e receitas da ordem de R$ 10,6 bilhões.

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"Com a aquisição, o Bradesco assumirá todas as operações do HSBC no Brasil, incluindo varejo, seguros e administração de ativos, bem como de todas as agências e clientes", informa o banco, em fato relevante publicado nesta segunda-feira.

O HSBC planeja manter uma pequena presença no Brasil para atender clientes corporativos.

Segundo o Bradesco, a aquisição vai proporcionar benefícios para os clientes das duas instituições, como o aumento da rede de atendimento em todo o país e o acesso a produtos oferecidos pelos dois bancos, principalmente nos mercados de seguro, cartão de crédito e administração de fundos (asset management).

"A aquisição possibilitará ganho de escala e otimização de plataformas, com aumento da cobertura nacional, consolidando a liderança em número de agências em vários Estados, além de reforçar sua presença no segmento de alta renda", diz o banco em comunicado.

Os clientes do HSBC, de acordo com o Bradesco, "continuarão a ser atendidos da forma habitual e, após a conclusão da operação, passarão a contar com todos os produtos, os serviços e as comodidades oferecidas".

ESTRATÉGIA

O negócio é concretizado quase dois meses após o HSBC ter anunciado uma reestruturação global, que incluía a venda de suas filiais brasileira e turca, para reduzir custos em US$ 5 bilhões e enxugar 25 mil vagas, número que representa cerca de 10% de seus funcionários.

O plano faz parte de uma estratégia do banco para recuperar a rentabilidade e superar as perdas ocasionadas pelo escândalo conhecido como Swissleaks, em que é acusado de ajudar clientes de alta renda a sonegar imposto e ocultar recursos depositados em contas na Suíça.

O HSBC chegou ao Brasil em 1997, ao comprar o antigo Bamerindus, com a promessa de acirrar a concorrência e consolidar um plano de expansão mundial. Mas, ao contrário do que a matriz esperava, suas operações foram deficitárias. No ano passado, o HSBC registrou prejuízo de R$ 549 milhões.

Em nota, o Banco Central informa que não participou das negociações da compra e que analisará seu impacto sobre a estabilidade e o nível de concorrência do sistema financeiro para decidir se aprova a transação

EMPREGO

A venda preocupa os bancários, que temem aumento das demissões em um período em que os cortes se intensificam. A defesa do emprego é um dos principais itens da pauta da campanha salarial aprovada neste domingo.

"Vemos com preocupação a venda do HSBC, que tem hoje mais de 20 mil trabalhadores em todo o país e milhões de clientes. E é com eles que o banco precisa se comprometer. Nenhum processo de venda pode causar prejuízo à sociedade brasileira", disse a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.


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