Folha de S. Paulo


Shell corta 6.500 funcionários e seus investimentos de capital

A Royal Dutch Shell cortou 6.500 funcionários e vai reduzir seus investimentos de capital em 20% este ano, tomando medidas dramáticas em resposta à forte queda nos preços do petróleo.

Questionada sobre como as operações no Brasil serão afetadas, a empresa apenas enviou aspas as aspas do CEO global da Shell, Ben van Beurden:

"Estamos reestruturando algumas áreas e implementamos unidades de performance em toda a companhia. Isto traz consequências também para as equipes. Em muitos casos, os funcionários afetados já foram informados, e os anúncios internos e externos já foram feitos.

Como um exemplo, a redução de 750 postos de trabalho anunciada nos últimos meses em nossas operações no Reino Unido e no Mar do Norte da Noruega fazem parte do total de 6.500 desligamentos.

As reduções nos postos de trabalho vêm da força de trabalho global da Shell, que conta com aproximadamente 94.000 funcionários, com cerca de 2.500 provenientes de desinvestimentos em diversos ativos.

O restante das reduções vem de unidades da Shell em todo o mundo, principalmente como resultado de movimentações de custo e eficiência em curso."

O grupo anglo-holandês anunciou na quinta-feira que seu investimento de capital este ano cairia em 20% ante o do ano passado. A expectativa é de que ele promova novas reduções em seus custos operacionais em 2016.

Em uma declaração atualizando os investidores sobre sua proposta de tomada de controle do rival BG Group, por US$ 55 bilhões, a Shell declarou que a transação estava "nos trilhos" e que o grupo combinado seria reformulado assim que ela for concluída.

"Temos de nos manter resistentes em um mundo no qual os preços do petróleo permanecem baixos por algum tempo, mas sem deixar de ficar de olho na recuperação", disse Ben van Beurden, presidente-executivo da Shell. "Estamos adotando uma abordagem prudente, utilizando poderosas alavancas financeiras para administrar a situação nessa queda, e sempre garantindo que tenhamos a capacidade de pagar dividendos aos acionistas".

"Reformularemos a companhia assim que a aquisição for completada", ele disse.

"Isso incluirá gastos reduzidos com exploração, um novo estudo da alocação de capitais em jogadas de prazo mais longo e vendas de ativos de produção e refino. Isso deve concentrar nosso portfólio em menos posições, mas de valor mais alto, nas quais possamos aplicar nosso know-how com uma economia de escala melhor. Em resumo, 'crescemos para simplificar'"

A companhia alertou que a queda no preço do petróleo pode durar "diversos anos", e pareceu ter adotado perspectiva mais pessimista sobre os preços do petróleo cru do que nos meses recentes, afirmando que suas suposições de planejamento refletiam "as realidades dos mercados atuais". A Shell vê um "potencial" de retorno a um preço de entre US$ 70 e US$ 90 por barril de petróleo em médio prazo.

A Shell antecipou um corte de 6.500 postos de trabalho, entre funcionários e prestadores de serviço, em 2015, e custos de capital de cerca de US$ 30 bilhões, ou US$ 3 bilhões a menos do que sua previsão de abril. Isso reflete "reduções de custo, cancelamentos de projetos e mudança de fase em opções de crescimento".

"A Shell continua a revisar os projetos sob construção atualmente e as opções de investimento em médio prazo, balanceando retornos, acessibilidade de custo e potencial de crescimento em médio prazo", a companhia afirmou.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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