Folha de S. Paulo


Aplicativos ajudam a buscar preço melhor em tempos de inflação

Se no início dos anos 90 a comparação de preços para tentar amenizar o efeito da hiperinflação era trabalhosa, hoje, é feita na palma da mão.

Fã de tecnologia, Maria Inês Mota, 49, lembra-se do passado. Mas hoje usa um aplicativo de celular para ver preços nos supermercados.

"Naquela época, era praticamente impossível, já que os supermercados viviam remarcando. Então comprava tudo de uma vez assim que recebia o salário. Hoje, faço uma lista no smartphone e vejo onde está mais barato."

Um dos maiores sites do ramo, o Buscapé, tem 4 milhões de downloads em seu aplicativo, segundo a companhia. Nele, é possível comparar preços por nomes ou passando a câmera do celular no código de barras do produto.

No Buscapé, que tem 40% dos acesso via aplicativo, os preços são passados pelos próprios varejistas, mas só as lojas online estão listadas.

Como driblar a inflação

Alguns aplicativos, como o Boa Lista e Meu Carrinho, permitem ao usuário fazer a lista de compra e, via códigos de barras dos produtos, comparar em locais próximos.

Mais voltados aos supermercados, eles mantêm uma lista com informações como quantidade necessária e histórico de outras aquisições.

O Boa Lista é uma plataforma colaborativa, em que os usuários registram e compartilham preços. O Meu Carrinho agrega supermercados e drogarias online. Outros sistemas como o Guiato e o Aonde Convém reúnem panfletos de descontos oferecidos por grandes varejistas.

A Folha coletou entre especialistas uma série de outras dicas para lidar com a inflação e demais aspectos da crise, algumas delas com a sensação de déjà vu de outros capítulos inflacionários da história brasileira.

Conseguir uma renda a mais, com hora extra ou atividade complementar ajuda a preservar o poder de compra corroído. "A inflação atual e a hiperinflação são diferentes, incomparáveis. Mas isso não significa que não tenha perdas hoje. Estamos vendo perda de salário real como não se via há muitos anos", diz Salomão Quadros, economista da FGV.

"Quem é jovem nunca experimentou perda de salario real. Só talvez quando a inflação subiu na primeira eleição de Lula e teve perdas salariais. Mas depois mudou e os salários reais ganharam da inflação", diz ele.

Buscar pontos de vendas mais baratos como o atacarejo é uma saída. Neste ano, o consumidor foi menos ao mercado e fez compras em maior volume, comportamento típico de tempos inflacionários. As idas ao ponto de venda caíram 0,6% e gasto médio deflacionado subiu 1,9%, segundo a Nielsen.

Quadros ressalva que é preciso colocar as medidas de economia na ponta do lápis. Cuidado para não estocar demais e perder a validade dos itens. A busca por lojas mais baratas, por sua vez, pode esbarrar em elevação dos custos com combustível.


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