Desde o início da Operação Lava Jato, que revelou em março de 2014 um esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, as ações da companhia já perderam 20% de seu valor.
Considerando o valor mais baixo alcançado pelo papel nesse período, as perdas chegaram a 37%, mas houve também um pico de valorização de 96%.
A montanha russa acionária foi alimentada não só pelos indícios de corrupção, lavagem de dinheiro e ingerência política apontados pela operação, mas também por fatores como a queda dos preços do petróleo e a explosão de uma plataforma utilizada pela empresa.
Veja abaixo uma cronologia do inferno astral da maior empresa brasileira —que ainda não tem data para acabar.
Infográfico Variação das ações da petrobras - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress
2014
17.mar
Polícia Federal deflagra a Operação Lava Jato em seis Estados e no DF.
Dezessete pessoas são presas, entre elas, Alberto Youssef, doleiro suspeito de comandar o esquema.
19.mar
Comprada em 2006, a refinaria de Pasadena, no Texas, gerou perdas de US$ 792 milhões à Petrobras, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União).
No dia 19 de março, a Presidência da República surpreende ao emitir nota afirmando que a aquisição inicial de metade das ações da refinaria havia sido aprovada pelo conselho da Petrobras com base em um documento "técnica e juridicamente falho".
Ministra da Casa Civil em 2006, a presidente da República, Dilma Rousseff, presidia o conselho da Petrobras quando a compra foi autorizada. Ela votou a favor do negócio.
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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20.mar
Diretor de abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, Paulo Roberto Costa é preso pela PF sob a suspeita de destruir e ocultar documentos.
Costa passou a ser investigado após ganhar, em março de 2013, um carro de luxo de Youssef. A ligação com o doleiro joga a Petrobras para o centro do escândalo.
| Daniel Marenco/Folhapress | ||
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| O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sai do IML, na zona norte do Rio |
14.nov
Com a recusa dos auditores independentes de assinarem o balanço da Petrobras, a empresa estoura o prazo e adia a divulgação do balanço do 3º trimestre.
A divulgação do balanço auditado só ocorreria 159 dias depois do prazo, depois de sucessivos adiamentos.
Sem ele, a empresa corre o risco de que credores usem a prerrogativa de cobrar dívidas antecipadamente, gerando insegurança no mercado.
30.dez
A Petrobras suspende negócios com 23 fornecedoras citadas na Operação Lava Jato como integrantes de um cartel que fazia negócios com a petroleira.
A crise pela qual a estatal passava atinge em cheio algumas das maiores companhias do país, como Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht e Galvão Engenharia, que são tragadas de vez para o centro do escândalo.
Obras importantes, como o Comperj, no Rio de Janeiro, ficam paralisadas.
2015
13.jan
Não foi só o escândalo desencadeado pela Operação Lava Jato que prejudicou a Petrobras. Em adição ao início da operação da PF, o preço do barril também tem tido fortes quedas.
O ponto mais baixo dentro desse intervalo foi no dia 13 de janeiro de 2015, com o barril cotado a R$ 46,69, valor 60% menor do que o pico de junho de 2014. Compare no gráfico abaixo as variações das ações da Petrobras e as do preço do barril de petróleo.
Infográfico Preço do petróleo e ações da Petrobras - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress
14.jan
Ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró é preso no Rio de Janeiro.
Ele foi diretor da área entre 2003 e 2008, e, como tal, esteve à frente da compra dos 50% iniciais da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Sob suspeita, a compra gerou perdas de US$ 792 milhões à estatal, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União).
| Sérgio Lima - 2.dez.2014/Folhapress | ||
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| O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró após chegar ao Senado para depor em CPI |
28.jan
A Petrobras divulga, após dois adiamentos, um balanço com os resultados da empresa no terceiro trimestre de 2014, mas ele não é assinado pela empresa de auditoria PwC.
O documento fala em queda de 38% no lucro da empresa do período em comparação com o trimestre anterior, mas não contabiliza o dinheiro perdido em desvios investigados pela Lava Jato, como era esperado que fosse feito.
Os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, despencaram 11,21%.
28.jan
Contas apresentadas pela presidente da Petrobras, Graça Foster, ao conselho de administração falam de uma necessidade de baixa de R$ 88,6 bilhões nos ativos da empresa.
Esse seria o valor a ser eliminado por causa da corrupção, o equivalente a cerca de 15% do ativo imobilizado da empresa.
A divulgação desse dado deixa o mercado inquieto e a presidente Dilma, furiosa.
29.jan
O então diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirma que a empresa estuda não pagar dividendos aos acionistas, dentro da possibilidade de "lucro zero" para a empresa.
| Ricardo Borges - 17.nov.2014/Folhapress | ||
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| Os então diretores José Cosenza e Almir Barbassa (centro) e a presidente da Petrobras, Graça Foster |
04.fev
Após sucessivas negativas por parte de Dilma, a presidente da Petrobras, Graça Foster, renuncia junto a outros cinco diretores da companhia.
Sua permanência no cargo havia ficado insustentável em meio às denúncias de corrupção na Petrobras. A saída é bem recebida pelo mercado.
06.fev
Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, é escolhido como substituto de Graça Foster na presidência da Petrobras e Ivan Monteiro, que era vice-presidente de Finanças do Banco do Brasil, se torna o novo diretor financeiro da Petrobras.
A escolha de dois nomes ligados ao governo não agrada o mercado e as ações da empresa caem 7%.
11.fev
Falha em operação de segurança causa explosão em plataforma que operava para a Petrobras no mar do Espírito Santo. Nove pessoas morrem e 26 ficam feridas no acidente.
Bendine não vai ao local.
24.fev
Petrobras perde o grau de investimento, espécie de selo de segurança para o investimento, da agência de classificação de riscos Moody's.
O motivo é a dificuldade da empresa em publicar o balanço auditado e levantar dinheiro no mercado de capitais.
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Petrobras anuncia a venda de ativos de US$ 13,7 bilhões (R$ 39 bilhões) para abater dívidas.
A cifra representa um aumento de 25% em relação ao teto da meta originalmente traçada, de US$ 11 bilhões (R$ 32 bilhões) em fevereiro.
02.mar
Petrobras informa que pretendia colocar à venda US$ 13,7 bilhões (R$ 39 bilhões) em projetos e empreendimentos para tentar reduzir suas dívidas.
17.mar
Como estratégia do governo para conter a inflação, a Petrobras vendia combustíveis por preços menores do que os que paga na importação. A defasagem, aliada a investimentos pouco rentáveis prejudicam os lucros da empresa.
Isso contribui para que a dívida da Petrobras quase dobre entre 2012 e 2014, passando de R$ 181 bilhões para R$ 332 bilhões.
22.abr
Após 159 dias de atraso em relação ao balanço do terceiro trimestre de 2014 e 22 em relação ao ano fechado, a Petrobras finalmente divulga o seu balanço auditado. Ele aponta o primeiro prejuízo anual da companhia desde 1991.
| Editoria de Arte/Folhapress |
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Com impacto do lançamento de perdas de R$ 6,194 bilhões relacionadas à corrupção e outros R$ 44,345 bilhões à reavaliação dos ativos, a estatal registra, em 2014, prejuízo de R$ 21,587 bilhões ante o lucro de R$ 23,6 bilhões de 2013.
Finalmente ocorre a divulgação das demonstrações contábeis auditadas de 2014 em atraso, dos dois últimos trimestres e da anual. As do terceiro trimestre estavam atrasadas havia 159 dias, e a anual, havia 22 dias.
15.mai
Empresa divulga balanço do primeiro trimestre de 2015, com lucro de R$ 5,3 bilhões, com uma dívida líquida de R$ 332 bilhões.
O resultado surpreendeu o mercado, que esperava lucro inferior. Entre as razões para o bom resultado, no entanto, está um artifício contábil : a empresa registrou ganho baseado em evento de 7 de maio, 37 dias depois do fim do trimestre.
29.jun
Em meio à crise, o novo Plano de Negócios e Gestão reduz em 37% os investimentos para o período de cinco anos e prevê US$ 57,7 bilhões em vendas, desmobilização e reorganização de ativos. Entre os primeiros lotes, estão fatias na BR Distribuidora, na malha de gasodutos, térmicas e campos do pré-sal.
02.jul
O ex-diretor internacional da Petrobras, Jorge Zelada, é preso na 15ª fase da Operação Lava Jato sob a suspeita de envolvimento em crimes de corrupção, fraude em licitações, desvio de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Os investigadores argumentam de que há indícios de que Zelada recebeu propina na contratação de um navio sonda pela estatal e de que haveria irregularidades no contrato, assinado com a empresa Vantage Drilling.
Utilizado pelo Ministério Público Federal um relatório de auditoria da Petrobras afirma que o contrato -além de outros três- foi celebrado a partir de "premissas otimistas, criando uma expectativa que não se confirmou".
| Mauro Pimentel/Folhapress | ||
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| Ex-diretor da Petrobras, Jorge Zelada é preso pela Polícia Federal em nova fase da Operação Lava Jato |
16.jul
Empresa perde processo administrativo na Receita e paga R$ 1,6 bilhão em dívidas de Imposto sobre Operações Financeiras sobre operações no exterior.
31.jul
Empresa recebe R$ 139 milhões recuperados pela Operação Lava Jato e anuncia programa que pode acelerar o retorno das empreiteiras investigadas às suas licitações.
O ex-gerente da estatal Pedro Barusco e delator na operação devolveu R$ 69 milhões. O dinheiro provinha do caso envolvendo a fabricante de plataformas de petróleo holandesa SBM. O restante vem de contas do ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, também delator.
| Ueslei Marcelino/Reuters | ||
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| O ex-gerente da estatal Pedro Barusco delator na Operação Lava Jato |
3.ago
Ex-ministro José Dirceu é preso pela Operação Lava Jato, acusado de ter criado o esquema do petrolão.
O juiz federal Sérgio Moro decretou ainda o bloqueio de até R$ 20 milhões do ex-ministro, além de determinar o bloqueio de bens no mesmo valor de outros seis alvos da investigação.
14.ago
Petrobras adere ao Refis para pagar dívida de R$ 6 bilhões pelo não recolhimento de imposto de renda na importação de plataformas.