Folha de S. Paulo


Após novas metas fiscais, agência Fitch indica que vai cortar nota do país

A redução da meta fiscal do Brasil para 0,15% do PIB (Produto Interno Bruto) é inferior à prevista pela agência Fitch, que informou que revisará novamente a classificação de risco do país.

No entanto, a agência não indicou em quantos degraus a nota de risco do país poderá ser cortada. Em abril, a agência revisou a perspectiva do país para negativa em decorrência da deterioração das contas em 2014 e dos desafios para este ano, o que significa que está avaliando se reduz a classificação de risco dentro dos próximos 12 a 18 meses.

A nota atual da Fitch ao Brasil é BBB, o que indica selo de bom pagador. O país está dois degraus acima da nota mínima para ser considerado investimento especulativo.

Em nota, a chefe para a América Latina da agência, Shelly Shetty, disse que a decisão demonstra "as dificuldades de consolidação em meio a uma recessão".

Se a nova meta for atingida, afirmou, o deficit fiscal continuará elevado e o custo da dívida aumentará em 2015.

A nova meta fiscal anunciada pelo governo na quarta-feira prevê a possibilidade de o setor público fechar o ano com deficit caso medidas adotadas para aumentar a arrecadação não gerem o efeito esperado.

Mesmo com alguns "progressos na agenda legislativa", com a aprovação de medidas do ajuste fiscal, o desempenho ainda é afetado pelo cenário econômico, disse Shetty.

E esses fatores continuarão a influenciar a classificação do país.

Classificação de risco

Em maio, a agência afirmou que a intensificação dos desequilíbrios macroeconômicos recentes levou o Brasil a ter indicadores muito abaixo dos de países com nota de crédito semelhante.

"Há atualmente uma tentativa de estabilizar a deterioração, mas vemos que alguns indicadores devem piorar ainda", disse Rafael Guedes, diretor-geral da Fitch no Brasil, durante evento da Amcham em São Paulo.

Na semana passada, uma equipe da agência de classificação de risco Moody's esteve no Brasil para avaliar se as medidas de ajuste fiscal necessárias para que o país mantenha sua nota de crédito estão sendo implementadas.

Para segurar a nota de risco do país, o governo entrou em contato com investidores estrangeiros para tentar reverter o clima negativo sobre as contas públicas.


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