Folha de S. Paulo


Desemprego nas metrópoles sobe a 6,9% em junho, maior taxa desde 2010

Letícia Moreira/Folhapress

Com mais procura por emprego e demissões crescentes, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país subiu para 6,9% em junho, o sexto aumento consecutivo.

O dado veio em linha com o centro das estimativas de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, que também era de 6,9%.

Trata-se da maior taxa de desemprego desde julho de 2010 (6,9%). Em maio deste ano, o desemprego estava em 6,7%. Em junho de 2014, era de 4,8%.

Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quinta-feira (23).

Infográfico Taxa de desemprego no Brasil

O mercado de trabalho tem sido pressionado por uma procura cada vez maior por emprego, num momento em que cresce o volume de demissões.

É um quadro bem diferente do visto no ano passado, quando as pessoas –especialmente os jovens– se apoiavam na renda familiar para ficar mais tempo longe do mercado.

Com o poder aquisitivo corroído pela inflação e pelos juros, mais brasileiros voltam a buscar emprego numa tentativa de recompor a renda de suas famílias.

Em junho, a população economicamente ativa cresceu em 224 mil pessoas na comparação ao mesmo mês de 2014, avanço de 0,9%, para 24,5 milhões de pessoas.

Vale lembrar que a população economicamente ativa é formada por pessoas com 10 anos ou mais de idade, empregadas ou buscando emprego. Quem não procura emprego não é considerado desocupado pelo IBGE.

A geração de vagas, contudo, não tem sido suficiente para absorver esse maior oferta de mão de obra.

Pelo contrário, o número de ocupados nas seis regiões metropolitanas encolheu em 298 mil na comparação a junho do ano passado, para 22,7 milhões de pessoas. É uma queda de 1,3% na comparação ao mesmo mês do ano passado, a maior da série do IBGE, iniciada em 2002.

O saldo foi o aumento da população desempregada (desocupada) nas seis regiões em 522 mil pessoas. São agora 1,68 milhão de desocupados nas seis regiões, um aumento de 44,9% na comparação ao mesmo mês de 2014.

Infográfico População desocupada nas seis regiões - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

Para tentar conter as demissões, o governo anunciou o Programa de Proteção ao Emprego, que autoriza empresas a reduzir a jornada e o salário em até 30%.

Pelo programa, o governo paga a metade da renda que o trabalhador deixaria de receber.

RENDIMENTO

O rendimento real dos trabalhadores das seis regiões pesquisadas foi de R$ 2.149 em junho, queda de 2,9% na comparação ao mesmo mês de 2014.

Quando comparado a maio deste ano, houve aumento de 0,8%.

A menor renda real é explicada, em parte, pelo aumento da inflação, que corrói os salários. A piora da qualidade do emprego também está por trás do número.

Infográfico Rendimento médio real - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

O setor de "outros serviços" aparece, desta vez, como o que mais demitiu: foram 114 mil postos cortados na comparação entre junho deste ano e do ano passado.

Já o comércio cortou 95 mil vagas nessa comparação, uma queda de 2,2% no número de ocupados no setor (4,3 milhões). É ainda o que mais emprega.

Na indústria, as demissões somaram 20 mil em junho frente ao mesmo mês do ano passado, considerado estabilidade pelo IBGE.

O setor de educação, saúde e administração pública, por outro lado, foi o que mais contratou no período: 66 mil postos em junho frente ao mesmo mês do ano passado.

FORMALIZAÇÃO

Um dos motores da melhora da renda nos últimos anos, a formalização do trabalho continua se deteriorando na atual crise.

O número de empregados com carteira assinada no setor privado encolheu em 240 mil pessoas frente a junho do ano passado, queda de 2%, para 11,47 milhões.


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