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Governo reduz meta de economia para 0,15% do PIB e deve cortar R$ 8,6 bi

Pedro Ladeira/Folhapress
Governo teve aumento da dívida pública para 63,4% do PIB
Governo teve aumento da dívida pública para 63,4% do PIB

O governo anunciou a redução da meta fiscal neste ano de R$ 63,3 bilhões para R$ 8,75 bilhões.

Isso significa uma diminuição de 1,1% para 0,15% do PIB, como havia sido fechado na noite de terça-feira pela presidente. Um novo bloqueio de gastos para atingir esse percentual ficará em R$ 8,6 bilhões.

Os números foram divulgados oficialmente nesta quarta (22) à tarde pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).

A previsão do governo é de que a dívida bruta fechará o ano em 64,7% do PIB.

Nos bastidores, o Ministério da Fazenda defendeu uma tesourada maior, de R$ 20 bilhões. Já o Planejamento preferia não fazer nenhum corte extra, mas esperava que ele não superasse R$ 8 bilhões.

Eles foram fechados na noite de terça-feira (21) pela presidente Dilma Rousseff com sua equipe econômica e estavam sendo detalhados pelos técnicos para elaborar a reprogramação orçamentária bimestral.

CORTE ANTERIOR

No início do ano, o governo já havia feito um contingenciamento, nome técnico para o corte provisório, de R$ 70 bilhões para tentar cumprir a meta fiscal então fixada em 1,1% do PIB, equivalente a R$ 66,3 bilhões —sendo R$ 55,3 bilhões do governo federal e R$ 11 bilhões de Estados e municípios.

Agora, devem-se somar a esse valor mais R$ 8,6 bilhões.

Até maio, o governo central havia conseguido fazer um superavit de R$ 6 bilhões, equivalente a 12% da meta para todo ano, sinalizando a impossibilidade de cumprir a antiga promessa feita de economia de gastos para pagamento da dívida pública.

Já Estados e municípios, nos primeiros cinco meses do ano, último dado oficial divulgado, haviam fechado o período com um superavit de R$ 19 bilhões, superando a meta de todo ano, de R$ 11 bilhões.

DÍVIDA

O cenário original previa que a dívida pública fecharia o ano em 63,4% do PIB -um aumento em relação aos 58,9% do PIB de 2014-, e recuaria gradualmente a partir do ano que vem, chegando a 61,9% do PIB em 2018.

Agora, a tendência é de um aumento maior ainda da dívida neste ano, tornando mais difícil a tarefa de estabilizar o crescimento desse indicador, uma promessa de Levy.

O anúncio desta quarta já estima a economia em um valor maior, de 64,7% do PIB. A dívida bruta é a maior preocupação do mercado em relação à redução do superavit.

A principal explicação para a redução da meta está na queda acentuada da receita do governo federal. A arrecadação caiu 2,9% em termos reais (descontada a inflação) no primeiro semestre. No ano passado, estava sendo registrado aumento real no mesmo período.


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