Folha de S. Paulo


CPI sobre fraudes fiscais convoca mais executivos de grandes empresas

A CPI do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) fez novas convocações de executivos de grandes empresas e de pessoas envolvidas nas investigações sobre denúncias de manipulação de julgamentos relativos a multas da Receita Federal. O esquema é alvo de investigação da Operação Zelotes, da Polícia Federal.

Entre as 9 convocações aprovadas nesta quinta-feira (9) estão os nomes de Antônio Maciel Neto, presidente da Caoa Motor do Brasil, Cristiano Kok, presidente do Conselho de Administração da Engevix Engenharia, e Jason Zhao, CEO da Huawei do Brasil, e Alexandre Paes dos Santos, sócio da empresa Davos Energia.

Também foram chamados o ex-presidente do Carf Otacílio Cartaxo, ex-secretário da Receita, e os ex-conselheiros José Ricardo da Silva e Leonardo Manzan.

A CPI quer ouvir ainda o ex-presidente da MMC Automotores do Brasil Paulo Arantes Ferraz e Marco Marcondes, representante da empresa na Anfavea (associação das montadoras) e dono de uma consultoria que prestava serviços à montadora.

Sérgio Lima/Folhapress
Policia Federal deflagrou em março a Operação Zelotes, com o objetivo de desarticular organizações que atuavam junto ao Carf
PF deflagrou em março a Operação Zelotes, a fim de desarticular organizações atuantes junto ao Carf

CONVOCADOS

A assessoria da JR, empresa do ex-conselheiro José Ricardo da Silva, afirmou que, "se for convocado, ele comparecerá com muita naturalidade".

A Caoa afirmou que desconhece o motivo da convocação, já que teve apenas duas multas julgadas pelo Carf e, em ambos os casos, as decisões do conselho negaram os pedidos da revendedora.

A Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos, informou que o presidente da entidade, Luiz Moan, foi convocado para prestar esclarecimentos sobre fatos relacionados à Operação Zelote e atenderá o pedido da CPI.

Já o executivo Mauro Marcondes Machado, vice-presidente da Anfavea, foi convocado para depor como representante da Mitsubishi, montadora em que teve cargo de diretor do conselho. A reportagem procurou a Mitsubishi, que não quis se pronunciar.

A Folha tentou falar com a Engevix Engenharia, a Huawei do Brasil, a Davos Energia, o ex-presidente do Carf Otacílio Cartaxo e o ex-conselheiro do Carf Leonardo Manzan, mas, até a noite desta quarta (9), não obteve resposta.

Em depoimento dado a esta mesma CPI em junho, Manzan afirmou ter sido incluído entre os investigados por causa de uma confusão de nomes. "No inquérito temos pelo menos seis Leonardos, fui confundido com vários deles. As escutas não identificaram nada contra mim. Não tenho a menor participação em absolutamente nenhum dos fatos narrados."

A Huawei, também em março, respondeu que, "em compromisso com a transparência, atua em conformidade com a legislação vigente na condução de suas operações no Brasil, sempre de acordo com os mais elevados padrões de ética".

Em abril, quando o nome do ex-presidente do Carf e ex-secretário da Receita Otacílio Cartaxo foi envolvido na Operação Zelotes, ele não respondeu a pedidos de entrevista, apesar de procurado por vários dias.

No final de junho, o presidente da Anfavea (Associação das Montadoras de Veículos), Luiz Moan, à época convocado para depor, afirmou que a Anfavea não tem "nenhuma relação com o Carf", por isso recebeu com "surpresa" a notícia de sua convocação para falar na CPI.

"Fomos citados em uma reportagem e essa mesma reportagem descaracterizou a presença da entidade. Com tranquilidade, achamos que essa convocação faz parte de um processo de CPI. Iremos falar quando for marcada a data", afirmou.

FORD

Na audiência marcada para esta quinta-feira (9), foi dispensada a presença de Steven Armstrong, representante da Ford Motor Company Brasil.

O presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) propôs a dispensa ao afirmar que as pessoas que pretendiam ser contratadas pela empresa para atuar em um julgamento no órgão não obtiveram sucesso nessa tentativa de "achacar" a empresa.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou ter feito parte do governo da Bahia na época em que a Ford montou uma fábrica no Estado e disse que a empresa foi vítima de uma auditoria da Receita com penalidades no valor de R$ 5 bilhões. "O auditor dava a multa acima do normal, o advogado ligado ao auditor procurava a Ford e dizia 'se quiserem, vou lá no Carf e resolvo'."

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) afirmou concordar em adiar a vinda da empresa para ser ouvida, mas não dispensá-la da convocação aprovada no fim de junho. Ela disse que vai encaminhar à empresa um conjunto de questionamento para serem respondidos por escrito e, dependendo da resposta, poderá chamar o representante da Ford para ser ouvido.

Marcos Madureira, vice-presidente do Banco Santander, que seria ouvido hoje, não compareceu à CPI por estar em viagem ao exterior a serviço do banco.

A CPI ouve neste momento Robert Rittscher, representante da MMC Automotores do Brasil LTDA. - Mistsubishi Motors.

Editoria de arte/Folhapress

Colaborou Claudia Rolli, de São Paulo


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