Folha de S. Paulo


China proíbe grandes acionistas de venderem ações nos próximos 6 meses

AFP
Homem observa painel com dados sobre ações na Bolsa de Xangai, em Huaibei (China)
Homem observa painel com dados sobre ações na Bolsa de Xangai, em Huaibei (China)

A agência que regula o mercado de capitais da China proibiu acionistas com participações superiores a 5% de venderem seus papéis nos próximos seis meses, numa tentativa de conter a queda nos preços das ações que está começando a causar turbulências nos mercados financeiros globais.

A China Securities Regulatory Commission (CSRC) afirmou em seu site na noite de quarta-feira (8) que vai tratar com severidade qualquer violação da regra.

A proibição também parece se aplicar a investidores estrangeiros que detêm participações em empresas listadas nas Bolsas de Xangai ou Shenzhen, embora a maioria de suas participações seja inferior a 5%.

Separadamente, os principais acionistas dos maiores bancos chineses, incluindo ICBC, e empresas, como a Sinopec, prometeram manter suas participações e aumentar suas cotas nas companhias listadas.

Os anúncios ocorrem após o mercado de ações da China mostrar sinais de congelamento na quarta-feira, depois que as empresas correram para escapar da turbulência ao suspender suas ações e a CSRC alertou para um "sentimento de pânico" atingindo os investidores.

O índice CSI300, que reúne as maiores empresas listadas nas Bolsas de Xangai e de Shenzhen, fechou em queda de 6,8% na quarta-feira, enquanto que o índice composto da Bolsa de Xangai caiu 5,9%.

Apesar da turbulência de quarta, as ações esboçaram recuperação nesta quinta-feira (9) e o índice composto da Bolsa de Xangai fechou em alta de 5,76%. O CSI300 também fechou em alta e subiu 6,40%. As Bolsas europeias operam em alta nesta quinta-feira.

Bolsa de Xangai

CRISE

Desde 12 de junho, quando a Bolsa de Xangai atingiu seu ápice, o índice já recuou 32%, levando US$ 3,5 trilhões em valor de mercado das empresas chinesas. Em 12 meses, no entanto, ainda acumula alta de 70%.

Para alguns investidores globais, o medo de que a turbulência no mercado chinês desestabilize a economia real é agora um risco maior do que a crise na Grécia.

De fato, o governo dos Estados Unidos teme que a quebra do mercado acionário atrapalhe a agenda de reforma econômica de Pequim.

"A preocupação, que é real, é sobre o que isso significa em relação ao crescimento de longo prazo na China", disse o secretário do Tesouro norte-americano, Jack Lew, nesta quarta-feira, durante um evento em Washington sobre a estabilidade financeira.

"Como é que as autoridades chinesas reagirão a isso e o que isso significa em termos de condições fundamentais da economia?"

Mais de 500 empresas chinesas listadas anunciaram a suspensão das negociações de suas ações nas Bolsas de Xangai e Shenzhen na quarta-feira.

Na China, as Bolsas suspendem os negócios quando uma ação cai 10%. De terça (7) para quarta, até 1.456 ações (de um total de 2.808) tiveram seus negócios interrompidos, segundo o "Financial Times".

Para conter a desvalorização, a China acelerou o programa de compra de ações, ampliando US$ 19 bilhões para US$ 42 bilhões o capital de um fundo de emergência.

Também suspendeu as ofertas iniciais de ações e limitou operações especulativas que apostam na queda dos preços dos ativos.

O Banco Central criou linhas adicionais para que os investidores cumpram as exigências de garantia pedidas pela Bolsa. Na semana passada, alguns bancos limitaram esse crédito, o que também abalou a Bolsa.

Para especialistas, a crise no mercado de ações chinês independe do desempenho da economia, que desacelera de forma gradual desde 2013.


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