Folha de S. Paulo


'Não' vence plebiscito na Grécia e país rejeita proposta de credores europeus

Em um resultado surpreendente, o voto pelo "não" venceu o plebiscito na Grécia neste domingo (5), rejeitando a proposta de socorro financeiro dos credores internacionais.

Com 100% dos votos apurados, 61,31% optaram pelo "não" e 38,69% pelo "sim".

O placar amplo contrariou todas as pesquisas, inclusive as realizadas neste domingo e divulgadas após o fechamento das urnas que previam uma vitória apertada do "não".

Com isso, os gregos rejeitaram a proposta de socorro internacional feito pelos credores, no caso, FMI (Fundo Monetário Internacional), BCE (Banco Central Europeu) e o bloco europeu.

Logo após os primeiros números serem divulgados, simpatizantes do Syriza, partido de esquerda do primeiro-ministro Alexis Tsipras, começaram a celebrar o resultado na praça Syntagma, no centro de Atenas.

Entenda a crise grega

A vitória do "não" representa um fortalecimento de Tsipras no seu país, já que ele convocou o plebiscito no último dia 27 depois do fracasso nas negociações em Bruxelas. Neste domingo, ele afirmou que "ninguém pode ignorar a vontade do povo", e voltou a dizer que a consulta era uma vitória contra a "chantagem".

Ao mesmo tempo, no entanto, o resultado pode aumentar a pressão para a Grécia deixar a zona do euro, principalmente se não chegar a algum tipo de acordo com o bloco nos próximos dias.

Tsipras tem dito que a Grécia não deixará a moeda única e que pretende retomar as negociações nesta segunda-feira (6) em busca de uma solução para o país. O ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, afirmou neste domingo acreditar na possibilidade de um consenso em 24 horas.

A questão é como os líderes europeus vão reagir: se pretendem sentar à mesa novamente com a Grécia ou, diante do recado do povo grego, romper definitivamente as relações. A chanceler alemã, Angela Merkel, tem um encontro marcado com o presidente francês, François Hollande, nesta segunda-feira (6) em Paris.

O principal drama dos gregos no curto prazo é o risco de colapso bancário a partir de terça-feira (7), quando as agências do país reabririam depois de uma semana de fechamento e controle de capital. O governo precisa de um novo socorro emergencial do BCE (Banco Central Europeu) para sua liquidez bancária, caso contrário, sem moeda no caixa, corre sério risco de ser forçado a emitir nova moeda em breve, conforme alertaram autoridades europeias nos últimos dias.

OPOSIÇÃO

O resultado do plebiscito fez com que o ex-premiê grego Antonis Samaras anunciasse sua renúncia como líder do partido de oposição Nova Democracia depois da sonora vitória do "não". "Nosso partido precisa de um novo começo. A partir de hoje, estou renunciando da liderança do Nova Democracia", disse Samaras em comunicado transmitido pela televisão.


Endereço da página:

Links no texto: