Folha de S. Paulo


Tomadores de decisão americanos contam o que os EUA querem do Brasil

Corrupção, impostos, burocracia, recessão. A lista de preocupações ocupou boa parte das conversas dos potenciais investidores americanos com a presidente Dilma Rousseff e os ministros que viajaram aos EUA na semana passada.

Representantes de grupos de peso como Coca-Cola, Walmart e Citibank estiveram nos encontros, capitaneados, quando não por Dilma, por Nelson Barbosa (Planejamento), Joaquim Levy (Fazenda) ou Armando Monteiro (Desenvolvimento).

O governo veio preparado. Nas diversas agendas que organizou para vender seu pacote de concessão de infraestrutura, que soma R$ 198,4 bilhões, a equipe argumentou que conta com um novo ciclo de crescimento da economia brasileira a partir do ano que vem como resultado do ajuste fiscal.

Dilma disse que quer o Brasil "com economia mais aberta e competitiva" e que a burocracia brasileira é "infernal", segundo participantes de uma reunião fechada com banqueiros e investidores. De acordo com eles, a presidente e sua equipe econômica estavam "em sintonia, pareciam ensaiados".

A presidente explicou as mudanças de rumo na política econômica brasileira ao grupo reunido no hotel St Regis, em Nova York, na manhã de segunda (29). Foi pouco interrompida por perguntas, no encontro que durou pouco mais de uma hora. E se antecipou ao dar explicações para questionamentos previsíveis como escândalos de corrupção envolvendo empreiteiras e a crise na Petrobras.

"Isso gera algumas perguntas [dos investidores]. Mas tenho certeza de que, colocando projetos viáveis e atrativos, não faltará agente do mercado capaz de realizá-los", argumentou Barbosa na quinta (2), depois da última rodada de conversas com americanos em Nova York.

Mas o que a sétima economia do mundo precisa fazer para ser mais que apenas o nono parceiro comercial dos EUA? A Folha fez a pergunta a alguns dos participantes das conversas desta semana.

As respostas, reproduzidas nesta página, podem ser resumidas por mais uma lista, desta vez de soluções: transparência, previsibilidade, infraestrutura, qualificação.

"Se as regras do jogo são claras, vai-se poder ver progresso em todo lugar", diz Carl Meacham, diretor do CSIS (centro para estratégias & estudos internacionais), que já esteve no Piauí e em Pernambuco, além de Brasília, Rio e São Paulo.

E o Brasil, o que quer dos Estados Unidos?


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