Folha de S. Paulo


Presidente da Anfavea diz que vai à CPI do Carf com 'tranquilidade'

Zanone Fraissat - 23.abr.2013/Folhapress
Luiz Moan, presidente da Anfavea, diz que vai atender com tranquilidade o chamado da CPI do Carf
Luiz Moan, presidente da Anfavea, diz que vai atender com tranquilidade o chamado da CPI do Carf

Convocado nesta terça-feira (23) pela CPI do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) para prestar depoimento sobre as denúncias de manipulação de julgamentos relativos a multas da Receita Federal, o presidente da Anfavea (Associação das Montadoras de Veículos), Luiz Moan, disse que vai atender com "tranquilidade" o chamado da comissão de inquérito.

Moan disse que a Anfavea não tem "nenhuma relação com o Carf", por isso recebeu com "surpresa" a notícia de sua convocação para falar na CPI.

"Fomos citados em uma reportagem e essa mesma reportagem descaracterizou a presença da entidade. Com tranquilidade, achamos que essa convocação faz parte de um processo de CPI. Iremos falar quando for marcada a data", afirmou.

Moan se reuniu nesta terça com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas disse que a conversa tratou "exclusivamente" sobre a conjuntura do setor automotivo no país, sem qualquer menção à convocação para falar na CPI.

O presidente da Anfavea disse que o setor passa por uma série de dificuldades neste momento, com um excedente de pessoal nas fábricas.

"Temos cerca de 30 mil funcionários que não estão trabalhando. Isso dá um retrato da dificuldade que o setor está passando neste momento", afirmou.

Moan disse esperar que o pacote de ajuste fiscal do governo, aprovado parcialmente pelo Congresso, poderá ajudar com medidas de desburocratização para o setor.

O presidente da Anfavea afirmou que prevê uma queda de 20,6% no mercado das montadoras e de 19% na produção do setor ao longo de 2015.

"Sabemos da necessidade do governo com o ajuste fiscal, estamos junto com o governo nesse trabalho. Entendemos que desburocratização, simplificação de processos administrativos e possibilidade de redução de custos podem ser instrumentos de extrema relevância para que o setor possa retomar as atividades", afirmou.

CONVOCAÇÕES

A CPI do Carf aprovou nesta terça (23) a convocação de 13 pessoas, que serão obrigadas a comparecer para depor.

Entre os convocados estão executivos da Ford, Mitsubishi Motors, Santander, Grupo RBS, Confederação Nacional do Comércio e Anfavea.

Foram chamados ainda ex-conselheiros do órgão, o ex-presidente do Carf, Edson Pereira Rodrigues, e Lutero Fernandes do Nascimento, assessor de Otacílio Dantas Cartaxo, ex-presidente do conselho.

O Carf é a última instância administrativa para se recorrer a uma multa aplicada pela Receita Federal. É formado por representantes da Fazenda e dos contribuintes.

Desde o fim de março, o órgão é alvo da Operação Zelotes, conduzido pela Polícia Federal, Receita, Corregedoria do Ministério da Fazenda e Ministério Público, que investigam um esquema de venda de sentenças,
para reduzir ou anular multas.

OUTRO LADO

Procurada nesta terça-feira (23), a Mitsubishi Motors afirmou, por telefone, que não vai se pronunciar.

No final de março, quando a Operação Zelotes foi deflagrada, o Grupo RBS afirmou desconhecer a investigação e negou qualquer ilegalidade em suas relações com a Receita Federal.

A empresa afirmou confiar na atuação das instituições responsáveis pela apuração para o devido esclarecimento dos fatos.

O Banco Santander informou que tomou conhecimento do caso pela imprensa e acrescentou que sua defesa é sempre apresentada de forma ética e em respeito à legislação.

"Estamos à disposição dos órgãos competentes para colaborar com qualquer esclarecimento necessário", afirmou na época.

Em abril, a Anfavea afirmou que "desconhece o assunto". A Ford não respondeu à reportagem.

Editoria de arte/Folhapress

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