Folha de S. Paulo


BC americano decide manter taxa de juros entre zero e 0,25%

Em decisão já esperada pelo mercado financeiro, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) anunciou nesta quarta-feira (17) que manterá os juros da economia norte-americana no patamar atual, entre zero e 0,25%. A autoridade monetária, porém, prevê uma elevação na taxa ainda neste ano.

De acordo com projeções divulgadas após a reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária do Fed, 15 dos 17 integrantes preveem um aumento dos juros em 2015, o primeiro em nove anos.

Mas o ritmo de alta deve ser menor do que o previsto anteriormente. A maior parte dos membros do Fed estima aumento de 0,25 ou 0,5 ponto percentual até dezembro –antes, a expectativa era de ao menos 0,5 p.p..

O processo mais lento de elevação dos juros deve se manter em 2016 e 2017, de acordo com as projeções.

O mercado financeiro aguarda com expectativa a decisão sobre a taxa nos EUA. Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA –considerados de baixíssimo risco– mais atraentes, levando os investidores a reduzirem suas aplicações em mercados emergentes (consideradas de maior risco).

A saída desses recursos deve pressionar ainda mais a cotação do dólar nestes mercados, inclusive no Brasil.

Nesta quarta, porém, a presidente do BC americano, Janet Yellen, afirmou em que um primeiro aumento na taxa não deve ser "superestimado".

"Eu quero enfatizar que, às vezes, muita atenção é colocada no momento em que se dará a primeira elevação nos juros", afirmou, em entrevista coletiva após o encontro.

"A política monetária provavelmente permanecerá acomodatícia por algum tempo após a primeira elevação nos juros, para apoiar o progresso continuado em direção aos nossos objetivos, de emprego pleno e inflação de 2%."

CRESCIMENTO

Desde o início do ano, analistas previam que a primeira alta da taxa aconteceria em junho. O mau desempenho da economia norte-americana, que registrou contração de 0,7% no primeiro trimestre, porém, fez com que as estimativas fossem adiadas para setembro.

O BC americano reduziu as projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, para entre 1,8% e 2,0%, contra um intervalo entre 2,3% e 2,7% previsto em março.

"O comitê continua acreditando que o primeiro aumento na taxa de juros será apropriado quando houver melhora adicional no mercado de trabalho e confiança de que a inflação voltará à meta de 2% no médio prazo", afirmou Yellen.

"Na reunião que terminou hoje [quarta-feira], concluímos que essas condições ainda não foram atingidas."

No comunicado divulgado após a reunião, os membros do Fed afirmam que a atividade econômica registra expansão moderada após a contração registrada no primeiro trimestre –consequência de um inverno rigoroso nos EUA e da desaceleração no comércio exterior.

A autoridade monetária cita a melhora no ritmo de geração de empregos, o crescimento moderado nos gastos dos consumidores e "alguma melhora" no setor imobiliário. Investimentos e exportações, porém, continuam fracos.


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