Folha de S. Paulo


Compra de aérea portuguesa por dono da Azul deve trazer integração

O governo português anunciou nesta quinta-feira (11) a venda de 61% da companhia aérea TAP para David Neeleman, dono da Azul. Em nota aos funcionários, Neeleman esclareceu sua participação na TAP. "Quero deixar claro que sou eu, David, quem está participando neste processo, e não a Azul", disse na nota.

O fato das duas empresas terem agora um sócio em comum deverá, no entanto, levar a alguma integração de operações.

As duas empresas já possuem acordos que permitem ao passageiro em voos de conexão entre as duas empresas despachar as malas e fazer apenas um check-in.

A tendência é que esse acordo se transforme em um "code-share", aliança mais profunda que permite aos passageiros computar milhas ao voar na empresa parceira.

O professor da UFRJ Respício do Espírito Santo Junior acredita que não haverá mudança na malha doméstica da Azul em razão da TAP nos próximos um ou dois anos.

Para ampliar as sinergias com a malha da TAP, segundo ele, a Azul precisaria desconcentrar seus voos em Viracopos e em Confins e ampliar a presença em Guarulhos, Galeão e Brasília.

A Folha apurou que os acionistas minoritários da Azul foram contra uma eventual compra da TAP pela companhia por acharem que isso traria riscos ao negócio e dificultaria ainda mais o processo de abertura de capital da Azul na Bolsa.

EMPRESÁRIO DEVE INJETAR € 338 MILHÕES NA TAP

O governo português vai receber € 10 milhões com a privatização, em uma operação que depende de aval das autoridades regulatórias europeias.

Neeleman e o sócio Humberto Pedrosa, 15º homem mais rico de Portugal, vão assumir as dívidas da TAP, que somam € 1 bilhão, e se comprometem a injetar pelo menos € 338 milhões na empresa e a modernizar a frota com 53 aviões novos.

O governo manterá 34% das ações. Os 5% restantes vão para os trabalhadores.

Editoria de Arte/Folhapress

No consórcio formado para a aquisição da TAP, Pedrosa tem 50,1%, e a DGN, de Neeleman, o restante. O dono da Azul não revelou o nome do investidores da DGN.

A UE não permite que não europeus tenham o controle de empresas aéreas.

Americano nascido no Brasil, Neeleman disputou a empresa aérea portuguesa com o brasileiro German Efromovich, dono da Avianca e que chegou a ter sua oferta pela TAP aceita dois anos atrás, no início do processo de privatização, mas posteriormente rejeitada pelo governo português sob a alegação de falta de garantias.

Os dois empresários entraram na disputa de forma independente de suas respectivas companhias, o que reflete o alto risco do negócio.


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