Folha de S. Paulo


Taxa básica de juros sobe pela 6ª vez seguida e vai a 13,75% ao ano

Sergio Lima - 25.abr.2013/Folhapress
Entrada do Banco Central em Brasília
Entrada do Banco Central em Brasília

O Banco Central confirmou o que era esperado pelo mercado e elevou nesta quarta-feira (3) a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Foi a sexta alta seguida desde a reeleição de Dilma Rousseff, no fim de outubro.

O aumento da taxa, que serve de referência para o custo do dinheiro na economia brasileira, veio em conformidade com as expectativas do mercado. A alta era a aposta de 55 dos 56 economistas ouvidos em pesquisa da Bloomberg. A única previsão diferente era a do banco americano Morgan Stanley, que esperava um aumento mais modesto, de 0,25 ponto percentual.

Os juros estão agora no maior nível desde janeiro de 2009. Naquela época, o BC iniciava um processo de redução da taxa básica para reanimar a economia diante dos efeitos da queda do banco Lehman Brothers.

A decisão foi anunciada em um momento em que o dólar e o reajuste de tarifas pressionam a inflação e a atividade econômica aprofunda a recessão —o PIB recuará 1,27%, segundo analistas.

Confira a evolução da taxa Selic- Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

A taxa Selic é utilizada nos empréstimos que o BC faz a instituições financeiras. Ela também serve de referência para a economia e para os juros cobrados de consumidores e empresas.

Para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para 28 e 29 de julho, as previsões divergem sobre a possibilidade de uma nova alta de juros. Um novo aumento poderia afetar ainda mais a atividade econômica, e a expectativa é que a inflação comece a retroceder sob efeito da política monetária.

Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú, acredita que o ciclo de aperto monetário pode ter chegado ao fim nesta quarta-feira. Um dos motivos citados é o fraco desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), que recuou 0,2% no primeiro trimestre deste ano. "Contração mais acentuada é provável no segundo trimestre", afirmou em relatório.

Há, no entanto, economistas que apostam em novas altas da Selic em 2015. A justificativa é o elevado patamar da inflação oficial no país. O IPCA (índice oficial de inflação) atingiu, em abril, alta de 0,71%. Foi a maior taxa para o mês desde abril de 2011 (0,77%).

André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, acredita que a Selic deve subir até 14,5% ao ano em 2015. "Acreditamos que o BC está seguindo o manual", disse. "Sendo assim, irá, uma vez estabilizadas as expectativas, cortar rapidamente os juros em 2016 para até 11% no fim do ano", completou.

PREÇOS EM ALTA

Segundo Perfeito, diante do aumento dos preços no país, o BC "não terá outra opção a não ser elevar a Selic", apesar do ajuste fiscal e da desaceleração econômica. "A inflação contratada já aponta para uma persistência muito forte do IPCA acima, bem acima, do teto da meta. Segundo nossas projeções apenas em meados do primeiro trimestre de 2016 que a inflação tende a cair para dentro da banda da meta", afirmou.

O centro da meta do governo para a inflação é de 4,5% neste ano, com uma margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Em 12 meses até abril, o IPCA já acumulava alta de 8,17%.

O economista-chefe do Banco Pine, Marco Maciel, enxerga espaço para mais uma elevação de 0,25 ponto percentual da Selic em julho, para 14% ao ano, encerrando, então, o ciclo de aperto monetário do BC. "Os recados do membros do colegiado têm convergido para a vigilância necessária e suficiente para fazer a inflação ao consumidor e suas expectativas convergirem para 4,5% no final de 2016", afirmou Maciel em relatório.

Depois das altas e uma pausa na reuniões de setembro e outubro, segundo o economista, há possibilidade de o Copom começar a reduzir a Selic no final deste ano, em seu encontro de novembro. O que conduziria o BC a esse caminho seria o PIB negativo, o "fraco desempenho" da produção agregada em 2016 e a "constatação do minguado número de produção industrial", além da "provável elevação da taxa de desemprego para números superiores a 8% no final do ano".


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