Folha de S. Paulo


'Ambos fizeram cortes no Orçamento', afirma Dilma sobre Barbosa e Levy

Em entrevista a jornalistas pouco antes de ser homenageada pelo Senado mexicano, a presidente Dilma Rousseff respondeu ao senador Lindbergh Farias (PT), que havia defendido um fortalecimento do ministro Nelson Barbosa (Planejamento) e a adoção de uma postura mais desenvolvimentista.

"O senador equivoca-se bastante quando faz essa diferenciação entre o ministro Levy e o ministro Nelson Barbosa. Eles têm uma posição de unidade em torno do ajuste fiscal. O senador está tentando construir um conflito onde não existe. A posição do Joaquim Levy e do Nelson Barbosa no governo é extremamente estável. Nunca houve nenhum problema com eles.

O ministro Levy é um ministro dedicado, batalhador e trabalhador. Ninguém pode tirar isso do ministro Levy e também não pode tirar isso do ministro Nelson Barbosa. Ambos fizeram os cortes no orçamento. Eu participei da discussão com os dois. Estão querendo criar um conflito que não existe e lamento profundamente as posições do senador."

SEM DIVISÃO NO PT

Questionada sobre se a opinião de Farias refletia uma divisão do PT, a presidente declarou: "Eu vou pedir encarecidamente que não se tome a parte pelo todo. Não é correto. O senador é responsável pela sua compreensão do processo. O PT jamais, em momento algum, externou esse tipo de posição para mim."

Sobre o ajuste fiscal, Dilma disse que "nós ficamos muito felizes com a aprovação da 665, referindo-se à Medida Provisória que restringe o acesso a direitos trabalhistas como seguro-desemprego e abono salarial.

Perguntada sobre se o governo vai colocar em votação a MP 664 hoje, Dilma afirmou: "não estou lá para saber, mas acredito que nós sempre vamos tentar fazer a votação o mais rápido possível, porque nos interessa superar essa questão das votações das medidas provisórias e da lei da desoneração. Queremos entrar em um novo capítulo.

No dia 9, por exemplo, vamos lançar nosso programa de concessões. Para nós é muito importante não só o programa de concessões mas também vamos lançar o Minha Casa Minha Vida 3, na sequência, e uma série de outras iniciativas pra fazer a retomada dos investimentos no Brasil."

Sobre as detenções do ex-presidente da CBF, José Maria Marín, e de outros dirigentes da Fifa, em Zurique, Dilma afirmou acreditar que o caso vai permitir maior profissionalização do futebol.

Mario Guzmán/Efe
Rousseff ao lado do presidente do México, Enrique Peña Nieto em visita à sede do Executivo na Cidade do México
Dilma e o presidente do México, Enrique Peña Nieto, em visita à sede do Executivo mexicano

VIAGEM AO MÉXICO

A presidente fez um balanço positivo da viagem ao México, elogiando o início das negociações para ampliar os acordos comerciais e a criação de um acordo de proteção e facilitação mútua de investimentos.

Questionada sobre se isso afetaria a relação com o Mercosul, Dilma disse que não. "Nós consideramos o Mercosul um marco importante, não podemos desconhecer as relações que nós temos com a Argentina, com o Uruguai, com o Paraguai e agora com a Venezuela. São acordos importantes que não são conflituosos com os demais."

Dilma reforçou que a necessidade de estimular o comércio exterior está relacionada ao fim do superciclo das "commodities", que fez com que o preço de itens importantes para as exportações brasileiras, como o minério de ferro, tivessem queda nos preços.

"O fim do superciclo das commodities faz com que nós tenhamos de ter um esforço maior na área internacional, não significa que a gente vai deixar de olhar para as commodities".

CACHAÇA E TEQUILA

Ao final da entrevista, uma jornalista comentou sua elegância. Dilma ressaltou que, além da alimentação saudável, é bom "andar, fazer exercício", mas acrescentou que cachaça e tequila não estão proibidas. "Isso pode, só não pode todo dia. Uma vez ou outra você comemora com uma tequila, com uma cachaça.

Como eu, sendo originária do nosso país, defender que não se pode tomar uma caipirinha? Faz parte da saúde também, a alegria."


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