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1 em cada 3 brasileiros já comprou contrabando, aponta Datafolha

Avener Prado/Folhapress
Pesquisa Datafolha aponta que 1 em cada 3 brasileiros consomem produtos contrabandeados
Datafolha aponta que 1 em cada 3 brasileiros já comprou produtos contrabandeados

Um em cada três brasileiros já comprou mercadoria contrabandeada e 45% deles não sabiam estar adquirindo um produto desse gênero.

É o que revela uma pesquisa feita pelo Datafolha no final de abril nas cinco regiões do país. De acordo com ela, eletrônicos, roupas, calçados, brinquedos e perfumes contrabandeados são os itens preferidos pelo consumidor.

A diferença de preço entre a mercadoria ilegal e a oficial –aquela adquirida em uma loja que emite nota fiscal e dá garantia– é o que alimenta o contrabando no país, ainda segundo a pesquisa.

A força do mercado paralelo; Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

Para 92% dos brasileiros, o comércio clandestino deixaria de existir se os produtos vendidos legalmente custassem menos.

A pesada carga tributária, que faz os produtos vendidos legalmente custarem mais, cria uma distorção que prejudica a economia do país.

Levantamento do Fórum Nacional de Combate à Pirataria (FNCP) com 15 setores da economia estimou perdas de R$ 65 bilhões com o comércio ilegal no ano passado.

Na arrecadação federal, a partir dessa estimativa, a perda seria de R$ 29,3 bilhões.

É como se o Brasil perdesse anualmente o equivalente ao PIB do Panamá (a 88ª maior economia mundial) para os contrabandistas.

A pesquisa mostrou que a maior parte da população sabe que o contrabando prejudica o país e a indústria nacional, mas, para ela, a culpa é do governo federal.

Somente 28% dizem acreditar que são os consumidores os responsáveis por fazer girar as engrenagens do mercado paralelo.

SOLUÇÃO

A fiscalização "nada eficiente" nas fronteiras é o que explica a entrada de tantas mercadorias contrabandeadas no país. E, para a grande maioria dos brasileiros, a entrada dessas mercadorias incentiva o crime organizado e o tráfico de drogas.

Mesmo assim, só 23% sugerem penas mais duras para o crime de contrabando.

Seis entre dez acreditam que a situação seria diferente se o governo reforçasse o policiamento nas fronteiras, principalmente com o Paraguai, por onde entra boa parte das mercadorias contrabandeadas.

Segundo a Receita Federal, 7% das apreensões de contrabando no Brasil no ano passado, em termos de valores, ocorreram em Foz do Iguaçu (Paraná).

Nos dois lados da fronteira, as organizações criminosas cooptam mão de obra barata para fazer o carregamento de mercadorias entre os dois países.

Para os brasileiros, a criação de um centro de inteligência envolvendo os dois países e de programas de estímulo à criação de empregos nos dois lados da fronteira também poderia surtir efeito no combate ao contrabando, de acordo com a pesquisa.


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