Folha de S. Paulo


Diretora do FMI elogia governo por 'coragem política' em fazer cortes

A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, disse nesta sexta-feira (22), em discurso no Rio, que o ajuste fiscal do governo e o aumento dos juros pelo Banco Central (BC) colocaram o país "claramente no caminho certo".

Ela cobrou, no entanto, reforma tributária e mais investimentos em infraestrutura.

Ao participar de um seminário do BC, em um hotel na zona sul do Rio, Lagarde disse que existem sinais de que a política monetária esteja surtindo efeito. Ela mencionou que a inflação deve ficar alta neste ano, mas as expectativas são de baixa no ano que vem.

"A política monetária está claramente funcionado", disse Lagarde.

Lagarde também elogiou o corte no Orçamento a ser anunciado pelo governo, de R$ 69 bilhões, mostraria a "coragem política e determinação" para entregar a meta de superávit fiscal (receita menos despesas) de 1,2% neste ano e de 2% ano ano que vem.

"Isso é a maneira apropriada de enfrentar o problemas e entregar as metas. Não quero me antecipar se é muito ou pouco, o que precisa ser estudada cuidadosamente", disse Lagarde, após realizar uma discurso no evento.

Em seu discurso, a diretora do FMI disse que o Brasil, como outros países, respondeu à crise de 2008 com medidas de estímulo econômico, mas que o momento atual exigiria reforçar as políticas de estabilidade macroecnômica.

Lagarde defendeu uma combinação de medidas econômocas que no Brasil ficou conhecida como tripé e que compõe a base do plano Real: regime de metas de inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante.

"É encorajador que o governo brasileiro esteja perseguindo essa estratégia", disse Lagarde.

Pedro Ladeira/Folhapress
Joaquim Levy acertou com Dilma os cortes para tentar atingir superávit primário de R$ 66,3 bilhões
Joaquim Levy acertou com Dilma os cortes para tentar atingir superávit primário de R$ 66,3 bilhões

JUROS EM MEIO A RECESSÃO

A diretora do FMI reconheceu que a elevação de juros é num contexto de desaceleração econômica –a economia brasileira deve encolher 1% neste ano pelas projeções do FMI– se torna alvo de críticas.

"Nossa análise, porém, indica que uma nova dose de estímulo poderia ameaçar a credibilidade arduamente conquistada dos esforços de política do passado. Tal credibilidade é particularmente importante para restaurar e sustentar as perspectivas de um crescimento forte, equilibrado e inclusivo", afirmou.

INFRAESTRUTURA

Apesar dos elogios sobre as recentes medidas adotadas pela equipe econômica comandada por Joaquim Levy, Lagarde disse que também tem críticas a fazer. Ela disse que o país precisa de reformas.

Em seu discurso, Largarde elegeu três áreas em que o Brasil precisa avançar para um crescimento sustentável: reduzir custos dos negócios (por meio de reforma tributária), melhorar a infraestrutura de transportes e se integrar mais ao comércio global.

Para ela, o programa de concessões em infraestrutura é "um passo na direção certa".

Na quinta-feira (21), a diretora-gerente do FMI esteve reunida com o ministro Joaquim Levy (Fazenda) por meia hora, no gabinete do ministro em Brasília. Lagarde também se encontrou com a presidente Dilma Rousseff na quinta-feira.


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