O debate de opinião nos meios digitais é um desafio para as marcas, que não estão acostumadas a dialogar em ambientes não controlados.
"Ninguém quer mais o antigo monólogo. Mas o debate ainda é um desafio para o mercado publicitário hoje", diz o presidente da agência J Walter Thompson, Ezra Geld, 38.
Em entrevista concedida na quarta-feira (20) para a "TV Folha" no Arena do Marketing, evento organizado pela Folha em parceria com a faculdade ESPM, Geld falou sobre os desafios da comunicação digital.
| Ernesto Rodrigues/Folhapress | ||
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| O presidente da agência J. Walter Thompson, Ezra Geld |
DIÁLOGO
O anunciante não está acostumado, necessariamente, a dialogar. E certamente não está acostumado a dialogar em ambientes não controlados.
Saber que posso colocar uma opinião minha, você, a sua, e tudo conviver muito bem é um desafio para o mercado publicitário. Os jovens estão acostumados com isso, prezam pela verdade, pela honestidade e pela transparência que o advento da tecnologia permitiu. Mas as empresas, agências e anunciantes, nem sempre estão preparadas para isso.
RECLAMAÇÃO 2.0
Se você é dono de uma marca e repara que alguma pessoa está dizendo algo negativo sobre você, é preciso administrar isso muito bem.
As marcas são muito porosas. É compreensível que tenham medo. Hoje há 20 mil formas de contar uma história e isso significa que há várias vertentes e características que a marca pode tomar. A marca x representa uma coisa pra você e outra pra mim. Não acho que o mercado esteja 100% pronto para isso. Claro que ninguém quer mais o antigo monólogo. Mas ainda estamos aprendendo todas as consequências e variáveis desse debate.
DO CONTRA
Está surgindo uma revolta contra o negativismo profissional na web. Vale fazer reclamação, mas, se você está reclamando por reclamar, se é um "do contra" profissional, ninguém dá corda mais. Nem as marcas nem seus amigos nas redes sociais. Está ficando fora de moda ser um chato. Eu diria que as marcas estão menos preocupadas com isso.
VOLTA À RAIZ
O lado bom desse diálogo nas redes é que está levando a uma volta à raiz das marcas. As marcas estão refletindo sobre o motivo de estarem aqui. É saudável. Significa que elas voltam a ser um veículo de honestidade e transparência.
CONSTRUIR MARCA NA WEB
Cada mídia tem uma função estratégica diferente. Acredito que dá para construir marcas na internet. Todos os veículos estão presentes na web com suas versões digitalizadas. Essa separação quase não existe mais do lado do veículo. Os veículos geram audiência, e a gente os usa para construir nossas marcas. Está mais difícil e mais pulverizado. Por outro lado, está mais sofisticado e você pode ser mais incisivo.
FALAR COM AS MASSAS
Está mais difícil atingir o Brasil inteiro da noite para o dia. Mas, se o conteúdo é bom, as pessoas vão consumir. Se você gerar relevância, as pessoas vão em busca do seu conteúdo, não importa a plataforma.