Mark Phillips queria uma maneira prática de carregar bebidas alcoólicas montanha acima durante suas escaladas. Inventou então uma forma de álcool em pó para ser misturada com água.
Mas mesmo antes de atrair consumidores, Phillips entrou no radar de autoridades de seis Estados americanos (Alasca, Louisiana, Carolina do Sul, Utah, Vermont e Virgínia) que, preocupados com o potencial de abuso, aprovaram leis para proibir a comercialização do álcool em pó.
A bebida sofre ainda a ameaça de um projeto de lei do senador Charles Schumer, de Nova York, apresentado no mês passado para tentar proibir a fabricação e venda do pó em todo o país.
Nick Cote/The New York Times | ||
Mark Phillips desenvolve bebidas alcoólicas em pó e luta para regulamentar o produto nos EUA |
Phillips não é a primeira pessoa a desenvolver uma forma de álcool em pó. Produtos semelhantes já são fabricados na Europa e Japão, e patentes para isso já haviam sido concedidas nos EUA.
A versão de Phillips, desenvolvida pela sua companhia, Lipsmark, no Arizona, foi aprovada para venda no mês passado pelo Serviço Federal de Tributação e Comércio de Álcool e Tabaco. Mas o sinal verde não a exime da regulamentação estadual.
Os oponentes do álcool em pó dizem que ele aumentaria o risco de consumo por menores de idade e de abuso da substância. O senador Schumer se referiu ao produto como Ki-Suco, suco solúvel. Outros disseram que o formato facilita ocultar a bebida.
"Minha preocupação seria que crianças conseguissem o produto", disse JoAnn Windholz, senadora do Colorado que apresentou um projeto de lei para vetar a venda do Palcohol. A assembleia aprovou uma versão reformulada que requer que o Estado defina regulamentação específica para o álcool em pó.
Phillips argumenta que o Palcohol não é mais perigoso que as versões líquidas de bebidas vendidas no varejo e que, como a forma engarrafada, deve ser consumida de maneira responsável.
Ele diz ainda que as bebidas não são doces a ponto de serem confundidas com sucos solúveis e que as embalagens, de 10 por 15 centímetros, não são pequenas o suficiente para ocultá-las.
ESPERANÇOSO
A despeito da oposição, Phillips espera ter o Palcohol à venda nos EUA na metade do ano. Para driblar a resistência, ele estuda maneiras de produzir o pó no exterior.
O objetivo é criar cinco versões: rum, vodca, e três drinques mistos -Cosmopolitan, Lemon Drop e Powderita, um margarita em pó.
Elas serão vendidas em embalagens de dose única, para misturar com 170 ml de líquido. Cada drinque terá teor alcoólico de 10%, o equivalente a uma taça de vinho.
A FDA, agência federal americana que regulamenta alimentos, não se envolveu com o Palcohol.
Em comunicado em seu site, diz que os ingredientes são típicos dos encontrados em alimentos industrializados e que cumprem suas normas.
Phillips diz duvidar que proibições estaduais limitem o uso da bebida em pó. "Isso apenas facilita que os jovens obtenham [a bebida], exatamente o oposto da intenção das autoridades".
Tradução de PAULO MIGLIACCI